03/04/2014

7.776.(3abril2014.13.44') Marta Luís

Nasceu a 30nov1972
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29noVEMbro2017
"Adeus 44, benvindos os 45...
Sim, houve uma fase da minha vida que não celebrava aniversário, (viver doía). Mas como tudo, passou... Hoje, custa mais saber que, posso viver hoje e amanhã, tudo pode acontecer e, de um momento para o outro, essa vida, pode não mais existir. Celebro, muito sim, sou abençoada, só por estar viva... e por muito mais.
Grata e feliz, por a cada ano, me saber um ser melhor.
E por sentir tanto amor, em mim, e em meu redor.
Namasté."
Foto de Marta Luis.
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Bibliografia - Publicações/Livros/Capas

https://www.facebook.com/marta.luis.31/media_set?set=a.1283290388361936.1073742001.100000429611223&type=3&pnref=story
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"Sou incontinente emocional"
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10jan2017
uma entrevista e curriculum
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http://pastelariaestudios.blogspot.pt/2017/01/autores-colectanea-de-poetas-deixa-me_79.html
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30noVEMbro2016
lança 2.º livro
Poço de Flores

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É este o "Poço", são estas as "Flores"
É esta a capa
Está a sair do forno... 

*

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A veia
O fraco pulso
da vida
A Cheia
O lugar vazio
do coração
*
"...Tanto percorro ainda
Do tanto que me trouxe até aqui
Que se estranhas o que escrevo
Nem te mostro o que apago
Parece um afrouxar
Um toque para parar nesta estação
E o corpo entra em sentido
O sangue bombeia a acelerar
Mas, não conheço nada ali fora
Nada ali me chama para voltar
E sigo
E partem comigo apenas os que não tiverem medo..."
em Viagens na Madrugada (Poço das Flores, 2016)
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31ouTUbro2016

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É quando tu começas a julgar que és anormal
Não é nem quando achas o normal extraordinário
Nem quando achas o extraordinário normal
É quando tu pensas que é normal julgar
como se a tua forma de sentir fosse sobrenatural ou extra normal
***
30ouTUbro2016

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a verdade nunca é o que aconteceu,
mas sempre aquilo de que nos lembramos
e lembro-me de ter sonhado isto
portanto hoje isto é verdade
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25ouTUbro2016

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Debruça-me ai as palavras meigas
oh meu altivo ensaio de gente
Vomita-me ai as agonias ferventes
oh meu intocável eco de ego
Semeia-me ai as lágrimas doces 
oh meu sábio espelho de ser
Abasta-me ai as algibeiras largas
oh meu fiel esboço de crente
Ombreia-me ai as goteiras secas
oh meu miserável cheiro de cego
Irriga-me ai as pétalas soltas
oh meu meu triste mal-me-quer
Deixa-me ai as horas apagadas
oh meu inválido relógio de vida
Lembraram-me agora que ser amada
é única forma de não ser esquecida
Disseram-me agora que morri há pouco
e no instante seguinte é que olhei pra ti
Existi, nesse segundo apenas
porque tu existes
e te vi
 em "esquecida"
***
21ouTUbro2016

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1315531155137859&set=pcb.1315508878473420&type=3&theater
Um dos meus poemas na Antologia Escrever Alcobaça <3 span="">
"Raiz"
(...) Viajei mundos e fundos, nas palavras dos outros,
Conheci histórias e glórias, nas imagens dos outros,
E nunca fui, nunca quis sair daqui, pertença ao teu chão que me segura.
Sou de mais nenhum lado a loucura...
Sou apenas de ti, minha cura.
Outros não sabem, que não há outra que me saiba, assim de graça
Meu berço, minha desgraça…
Ai Alcobaça!
És tu minha garra, minha folhagem, minha casa, minha paisagem. (...)
excertos do poema "RAIZ"
Inédito na Antologia Poética ´Escrever Alcobaça`
da Escafandro Edições
*

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DA BAGAGEM
Haverá sempre alguém para quem tudo o que faças, não será suficiente para um agradecimento, ou um elogio ou um lisonjeio, um pedido de desculpas, ou um sincero reconhecimento... Mas deixa... Andará por aí também alguém, para quem basta existires, tal e qual como és, para agradecer à vida, o cruzar-se contigo... Só tens que largar a bagagem, quando ficar pesada, e seguir viagem, o mais leve possível... Não tens que carregar o peso, de não ser suficiente, para ninguém... (*.*)
***
2014


A poesia é um laço
Uma atitude, um membro autónomo do meu ser
A poesia, afasta-me das feridas
Escrever sobre elas cura-as
A poesia leva-me ás alegrias
Escrever sobre elas acontece-as
A poesia, une as pessoas
Partilhar entre elas aproxima-as
A poesia é um esboço
Uma brecha no meu mundo
Por onde entra a verdadeira obra de arte
O amor, o sentido da vida…
A poesia é um escape
Uma peça por onde filtro
Tudo o que quero manter ou expulsar de mim
Nesta viagem infinda…
Obrigado pela companhia
De todos aqueles que como eu
Usam e se deixam usar, pela Poesia
Todos chegaremos ao mesmo lugar
Mas o que importa, é aqueles que
No caminho, estão ao nosso lado…
Sejam poetas, artistas, despertos ou não
Sejam semelhantes, diferentes, humanos ou não
Sejam cores, presentes, cheiros,
Luzes, sombras, sabores, melodias
Pedras, flores, riachos, grutas
Esplanadas, animais, frutas
Imagens, reais, ou da minha fantasia, ou não.
Sejam poesia por favor
Sejam tudo o que tenho à mão.
 in, "Sejam Poesia"
Publicado em Poesia Fora de Mão - 1.º livro da autora
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=886189824738663&set=t.100000429611223&type=3&theater
"Este brilho no olhar, é de quem está feliz...
(mesmo que com uma quase directa em cima)
obrigado Al.Creative
 — em Al.Creative.
***
"Queria dizer-te que vai correr tudo bem, Queria dizer-te que vão ser sempre raios de sol a reflectir em mim, em nós.Mas prefiro que saibas que mesmo que não corra tudo bem, e mesmo que os dias mais cinzentos nos atormentem, quero ver-te sorrir e, estarei cá para que me vejas sorrir meu amor... Não sei quantas vezes a tapar um soluço, não sei quantas vezes a gritar um desabafo, mas de todas as vezes por nós, isso sei."
 in " Não prometo não chorar"
***
Como a Assembleia Municipal foi convocada, posteriormente, para o dia 19...
*
atenção mudou para o ARMAZÉM DAS ARTES!!!
26nov2014 
e a novidade está aqui:
19dez2014.21h.auditório da Biblioteca Municipal...
Lançamento duplo!!!
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obras no prelo - autores inchados
lançamento duplo marcado para daqui a menos de um mês
vão reservando tudo que que quiserem partilhar connosco
neste grande momento de ambos
todos os que amo estão convidados
***
a dupla d' autores: 
Marta Luís e Óscar Santos.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=886191511405161&set=t.100000429611223&type=3&theater
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blogues da Marta Luís:
http://www.almasdaminhaalma.blogspot.pt/

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=858090867548559&set=a.102766876414299.6242.100000429611223&type=1&theater
Chove muito mais dentro de mim,
do que essa trovoada que nos tranca
sem sair do mesmo lugar.
E nem os ventos violentos
que nos sacodem, 
levam esta mágoa,
esta ladainha,
esta amargura que se colou a mim,
em todos os rasgos
que, a tua tempestuosa existência abriu,
quando se esvaiu por toda eu,
e me alagou, sem piedade...
Maldito amor, que não se me lava...
e deixa esta lava ácida, queimar-me por dentro...
Quero um rio transparente.
Quero uma corrente de alegria.
Quero livrar-me deste meu eu,
que só te quer, nada mais,
... e não posso...
Chove tanto que é já lama,
onde me tento mover,
e me enterro,
sem saber onde faz sol.
Chove muito mais dentro de mim,
quando chove e tu não estás!
Mas não há-de chover sempre!...
Porque é aqui que te quero...
É em mim que estás!!!
 (lama - publicado em 2011 em almasdaminhaalma - blog )
*
http://www.martaluis.blogspot.pt/
***
A Marta, no facebook tem esta página:
https://www.facebook.com/PoesiaemDevaneio?fref=ts
Respiguei a belíssima poesia  da Marta Luís:

https://www.facebook.com/PoesiaemDevaneio/photos/a.727391327284741.1073741827.727386780618529/729659503724590/?type=1&theater
É quando a lua é grande e rechonchuda, que me dá ganas de Mergulhar
Ir por aí, tal lança pontiaguda à descoberta da fantasia do fundo do mar
É quando o vento leva as nuvens mais escuras, ansiosas por chegar longe 
a uma qualquer concentração, que em mim se avizinha a tempestade, 
a rebentar na rocha do meu coração

É quando os velhos do mar regressam, faces de Adamastor, espíritos esbugalhados
Que as certezas e os portos de abrigo menos me interessam.
Teimo em forçar-me abertos meus olhos molhados.
Recuam incrédulos medrosos, das sereias, dos corais.
Entranham mas estranham tua força, e as naus atracam,
e eu sorvo das ondas, os queixumes, os cristais.
Todos os grãos de areia, que o meu corpo abraçam.

Não há terra firme que me segure aqui,
quando o mar me chama como se fosse o lar
A minha guerra desmedida é não poder ir.
O meu medo abismal é querer lá ficar.

Mar! Oh revolto e doce mar,
profundo mundo de tantas almas
Leva-me, expulsa-me, desengana-me, entrega-me
Tenho a tua sede para matar!
Gastei o fogo, o ar, a terra…
Salguei, de tanto amar!

Enrola-me baixinho.
Passeia-me por ti , devagarinho
Eu sei que não posso, não querer voltar.
Eu sei que sou do sol, mas estou a queimar
Deixa-me mergulhar…
Perder-me, descansar, banhar-me e continuar!

Mar! Oh revolto e doce mar!
Nem me respondas…
Deixa-me estar !!!
in (Mergulho)

***
VOU COLECCIONANDO:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=879049512119361&set=a.102766876414299.6242.100000429611223&type=1&theater
Sugiro-te que vás ao meu amargo coração
E decifres a raiz das palavras galopantes que doem como razão.
Guarda sem vãs resistências todas as sensações, apegos, desvios,
Presencia os latejos descompassados,
Apura estritamente o que te agride,
Prega numa tábua todas as letras,
Conta todas as inúmeras gotas,
Dessas lágrimas ciclónicas, desse sangue
Que detém todos os surtos cativos do meu sopro.

Sugiro-te que vás ao meu esvaziado âmago
E beijes todas as penas que encontrares.
Marca todas as paragens em que te vejas,
Todas as passagens onde não estejas
Cura em mim as tuas mágoas, meus e teus tormentos,
Bane a vida libertina desses fantasmas
Ilumina se quiseres todos os anjos
Lacra todos os medos dessa criatura
Que erra em todas as horas do meu existir

Sugiro-te que vás ao meu epicentro
E desemaranhes onde mora a minha esperança
Estanca a minha terra de toda a agonia diluviana que me mata,
Que a hospedes em ti, e trates bem dela,
Que a faças forte, e ma devolvas...
Sugiro-te que vás, que eu não consigo,
Desaprendi todos os caminhos, perdi todas as cábulas...
Sugiro-te ainda que me leves contigo lá aonde…
Que eu, com ou sem ti, não sei mais ir.

 in, "Sugiro-te"

desenho de sandra suy

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=869403959750583&set=a.102766876414299.6242.100000429611223&type=1&theater
Era uma vez uma menina, que viveu toda a vida a tentar ser outra coisa, diferente do que era, para agradar a outras meninas, que não eram como ela ou eram mas não o assumiam, e só gostavam dela, se ela fosse a outra coisa, a outra menina, que ela ia tentando ser, pra conseguir crescer. No dia em que morreu, e apenas nesse dia, essa menina descobriu, que a menina que era, afinal, nunca viveu, e foiembora desolada, com uma vinda desperdiçada. Vinha para aprender a amar-se, a perdoar-se. E nem isso fez. Nem se deu, nem perdoou, nem aprendeu, com mais ninguém. Nem mais ninguém a teve. Se havia alguém destinado a cruzar-se com ela, também a perdeu. Foi indelicado da parte dela ter morrido.

A lenga-lenga do desperdício, entra em conflito vezes sem conta, com a lenga-lenga da capacidade de tolerância, ou que sejam, o equilíbrio, entre o que aceitamos ter e ser, com o que toleramos que os outros tenham e sejam, andam sempre no fio da navalha, ou na corda bamba, no verdadeiro sentido do serem pontos de desequilíbrio e sem os quais também, não nos equilibramos. É um meu interpretar dúbio, um pau de dois bicos, como tanta coisa nesta vida, e por isso mesmo, tão fascinante. São realmente as nossas escolhas, que nos levam, em tudo, e a todo o lado, e a todos os patamares e níveis e estados, desta nossa passagem.

Chamo de lenga lenga, àquela ladainha repetida, com maior ou menor capacidade de argumentação, em que cada um de nós ou os outros, justificam, o facto de serem ou terem isto ou aquilo, com os outros terem ou serem aquilo ou isto. Quando nos recusamos a seguir, falamos como se fossemos um eco do ego em que nos montamos, em vez de na primeira pessoa, falarmos do que somos, e desviamos, sempre o nosso olhar para fora de nós, de preferência para o outro, e quando assim é estagnamos.

Ficamos com a mania da lenga lenga da treta. Porque na prática, escolhemos a lenga lenga, conforme o que somos e temos, e o tal nível, ou patamar onde estamos, e aquele, em que escolhemos continuar a seguir. Em cada escolha só temos duas hipóteses a considerar: Ficamos na mesma porque nós é que estamos bem, com a razão e com o desperdício, ou evoluímos um pouquinho mais com o amor e a tolerância num estado sólido e não teórico, que até hoje por mais que apregoemos, ainda não conseguimos praticar.

Esta viagem serve para nos polir um pouco mais, para que façamos diferente do que temos feito até aqui, em todas as outras. Porquê então agarrarmo-nos ao conhecimento e patamar adquirido, e não dar-mos o salto para o seguinte, para o desconhecido, para o que até aqui pensávamos não nos ser mais, ou ainda, permitido?
Nestas lenga lengas, autenticas justificações de nossas próprias atitudes, acusam-se os outros de permanecerem na zona de conforto, espetam-se-lhes toda a matéria dada, e espera-se que passem no exame. Senão, chumbam-se e faz-se-lhes uma cruz. E nós, estamos no poleiro, sem nos examinarmos, se estaremos ou não a agir corretamente, sem sequer nos questionarmos se isso seja coisa questionável. 
Experimentaremos apenas dar, apenas amar, apenas estar, sem a lenga lenga do querer à força mudar, com a farpela do querer ajudar? E se não mudar, deixamos de lado, como se não nos fosse mais nada importante, porque nós é que estamos cá, para o determinar? Que arrogância, que agressividade, para com os outros, que assim julgamos sem sequer nos refletirmos. Teremos essa coragem de nos desviar, sair do mesmíssimo sempre lugar?
Concordo com o facto de que o que aprendemos, devemos partilhar, espalhar, transmitir, tudo o que achamos que para o outro possa servir para o melhorar. Alertando, não impondo. Discordo que exijamos ao outro aquilo que não fazemos a nós mesmos. Que melhore, pelo que nós entendamos que seja melhorar. Que mude o que nós entendemos que deve mudar. Este é um nível de consciência que se alimenta do julgamento, e da prepotência de quem se acha ainda a chegar mais rápido, ao sítio que todos queremos alcançar. Devemos saber ver, que o outro vale, e vale muito, tal como é, tal como está a ir, e que tem também algo para nos ensinar. Se não vimos isso, se não apreciamos isso, ai sim, desperdiçamos tudo, e ficamos presos no labirinto do desequilíbrio, Porque é precisamente desproporcional, aquilo que esperamos dos outos, mas que também não lhe damos.

Há estágios, físicos, emocionais, realmente incompatíveis. Mas não há estagios de consciência incompatíveis. Todos temos plena consciência, de estarmos ou não a dar o nosso melhor. Não precisamos que ninguém nos venha perpetuamente penitenciar. Assim como não precisamos de nos gabar. Não há nenhum estado de consciência tão distante que se possa de todo incompatibilizar. Pelo menos nenhum onde o amor fale mais alto, assim o é. 
O amor não desculpa tudo, não tolera tudo, não vê valor em tudo. A consciência sim, mesmo no que à partida até ao outro, parece incompatível. E só os verdadeiramente conscientes sabem avaliar isso. E amam, e desculpam e toleram, porque sabem que a consciência do outro ser que amam, só precisa desse amor, para os acompanhar. Mas tudo isto é uma escolha, e obviamente, cada um só pode escolher para si, o que quer, ou que é capaz no momento de consciencializar.
Aprendamos com as fantasias de que, com amor tudo é possível e muito melhor. Como nos ensinaram os seres em que deixamos de acreditar, e que são de resto os mais sábios de todos. As fadas, os duendes, os mafarricos, os elfos, os magos, os que vivem ainda hoje nesse universo consciente, de que só o amor alimenta a própria evolução da consciência, e só com amor dado e não o cantado, ela evolui, ela nos eleva, até esse mesmo mundo, em que todos os seres podemos viver lado a lado. 

Amor por nós, amor pelos outros, amor pelo astro e pelo tempo onde estamos. Sem julgar, sem ferir, com o ego de que somos os únicos a cá saber andar, sem esquecer que todos vamos no mesmo caminho, embora a ritmos e a passos e desafios diferentes, todo este caminho que fazemos todos, nos levará todos, ao mesmo lugar.

Não desperdicemos a nossa vida, tentando ser o que não somos, tentando que os outros sejam o que queremos, sem valorizar o que são. Era tão mais simples que todos se admirassem e amassem entre si, e uns aos outros, como seres maravilhosos que somos, independentemente do que outros e nós próprios muitas vezes nos julgamos. E andamos nesta lenga lenga, e disto não passamos.

É outono, é sempre a altura certa. Deixa chover, e regar o melhor de ti, e não te sufoques com a terra que te mandam. Faz parte do equilibro do universo.

 in, Lenga Lenga

fada morgana


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"Só não posso prometer-te que não te incomodarei mais, aliás, nada posso prometer-te pois, também sei que não gostas de promessas. Mas uma coisa te prometo : de cada vez que te pareça uma despedida, não é! De cada vez que te pareça um adeus para sempre, é um volta depressa por favor! De cada vez que te pareça que gosto de ti, menos um bocadinho, quero que saibas que não, que te amo apenas mais um bocadinho e, por isso me perco mais um bocadinho, por não te ter, mais um bocadinho. Nunca conseguirei despedir-me de um amor que me guia, mesmo que na maior escuridão..."

Excerto do projecto "Mendiga-me que eu vou!" 
- personagens e obra em criação -

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Marioneta do meu coração
Trapuda de farrapos vestida
Lá vou eu, lá vou eu p`la tua mão
Brincando, sorrindo à vida...

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(...) Enquanto cá andar, sei que vou andar sempre ao contrário. E custa-me muito o que isso faz nos meus, não nos que não me interessam, mas nos meus, que não são do mesmo naipe, mas não têm culpa. Agarro-me ao que posso, para não desaprender que entre não amar e não sofrer e amar e sofrer é preferível, a segunda situação, nestes tempos atrasados em que a reciprocidade é exigida e a troca não é livre e a partilha feliz. Agarro-me à vida nos olhos do meu filho, nos abracinhos que me dá, pra me convencer de que ser daqui deste tempo e deste lugar, só por ser mãe dele, até pode ser muito bom. Agarro-me ao que tenho, pra definitivamente não me perder, naquilo a que todos os outros entendem por isso, e não procuro tão exaustivamente, tão ansiosamente. Sei que em tudo o que me encontre, no resto dos meus dias, vou me reconhecer, e não tenho pressa... Há uma natureza mãe em mim que apesar de tudo, me diz pra viver enquanto estou viva. E, a viver quero que seja com o que amo, com os que amo. (...)

in "Transparente"
***
"Diz-se de qualquer um que não sabe o que quer, não sabe o que fazer, não sabe o que sentir, não sabe como viver, que está perdido, e eu nem sequer com isso concordo. Não me sinto perdida. Apenas não me é o bastante encontrar-me aqui ou ali. Se sei onde estou, o que procuro agora já não sou eu. E continuo a procurar, porque me recuso a parar, a morrer.
E esse lugar comum a que chamam usualmente de pessoa inconformada ou anti-social, não me aperta a cabeleira. Sou como sou e ninguém é totalmente transparente. E quem não me aceita, só perde, porque então a esses eu não me dou.
Não sou do contra, só por ser! Só que tenho que ser eu a dizer o que me é contra ou a favor, e ninguém me venha de encontra, descobrir o que ainda nem eu descobri.
Não tenho pressa, como se fosse eu a dona da minha própria vida, sei que o exercício é demorado, com esta minha teimosia é até dificultado em relação aos que me acompanham, sei que fico pra trás, ou atalho por onde ninguém mais, mas sou dessas que preferem ir aonde me leva o coração, e não por ai...Sempre soube que era daqui, e de tanto outro lugar, que não me estranho. Não me custa vacilar, bambalear na minha linha que anda suspensa, já nem cordão é nem rede tem por baixo. Só me fazem hesitar os que amo, pois olho e vejo neles o medo de me perder. Creio que, só os que me amam, sabem que não me podem prender. Mas são eles que me prendem, a tudo o que ainda trago comigo, e sendo assim, sempre que me sinto assim, sei por exclusão de partes, que é porque alguém que amo está por minha causa a sofrer."
 in "Transparente"
***

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=851135344910778&set=a.102766876414299.6242.100000429611223&type=1&theater
Não era efémera
Era uma outra infrutífera qualquer 
Já nem era verdade
Era uma outra relatividade qualquer

Não era um conto de fadas
Era uma outra bicha de conta qualquer
Já nem era o amor 
Era uma outra desaproximidade qualquer

Não era um beija flor
Era um outro pássaro qualquer
Já nem era primavera
Era uma outra época qualquer 

Não era rosa nem espinho
Era uma outra flor qualquer
Já nem era casa nem ninho
Era um outro despoiso qualquer

Não era uma certeza
Era uma outra dúvida qualquer
Já nem era saudade
Era uma outra dor qualquer

Não era vontade
Era uma outra inconstância qualquer
Já nem era eu ou tu
Era outro díspar qualquer

Não era realidade 
Era outra historia qualquer
Já nem era sonho nem ilusão
Era outra vida qualquer

Não era querer-te
Era um outro querer qualquer
Já nem era perder-te
Era um outro perder qualquer

in "Querer-te"
ilustração de Sara Castanho

***

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=846717452019234&set=a.102766876414299.6242.100000429611223&type=1&theater
Não é uma questão de audição ou surdez, é mais de proximidade ou distância. Daí os diálogos não terem todos o mesmo volume. As pessoas não terem os mesmos parâmetros de avaliação, porque não têm os mesmos valores, os mesmos interesses. Não é uma questão de encaixe ou senso, é mais de equilíbrio e reciprocidade. É essa a questão, que ou é ou não é. É isso que faz as coisas funcionarem ou não... em tudo nesta vida...

in "o volume do silêncio"
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https://www.facebook.com/PoesiaemDevaneio/photos/a.727391327284741.1073741827.727386780618529/826788870678319/?type=1&theater
Esfrego nos olhos, o sal que me adormeceu 
Salto na cama, onde durmo sozinha
Escovo na língua as palavras não ditas
Prendo no cabelo, os sonhos que não murmurei
Serve um vestido ou um trapo qualquer
Só não vou descalça porque ainda me doem os pés
De tanto andar não sei por onde
Nem olho mais o espelho, saio a correr
Ficar ali mais tempo era morrer.
Devo ter viajado até outro tempo, outro hemisfério
Esta não é a minha casa, a minha vida, o meu amor
Enganei-me na história, ou no pesadelo
Será que já posso acordar
Ou devo apenas sorrir?

in, "pesadelo"

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Apaguei tantas linhas dessa historia até ai descrita, que por vezes a cheguei a interpretar de mal escrita. No entanto ficaram cravadas ali... E, ainda bem digo hoje, que a minha vida, não é de papel, para rasgar ou queimar... É apenas uma sucessão de páginas onde vamos todos os que nos cruzamos juntos escrevendo. Não é bem nem mal, reler, saber por onde cada parágrafo me levou, e onde me trouxe. Sei que neste livro, nada posso mudar no inicio, mas conto contigo até ao fim. E se podemos escolher, porque não uma história bonita, de força, de amor, e de mais ainda, daquelas historias de se assumir que na vida, a força do amor, é a que mais nos exige coragem, mesmo quando menos no la dá. Coragem de não ter, não querer, não pedir, e apenas ser. Eu sei que sou, e sei que estava à tua espera, neste intervalo, neste versículo em branco. Ainda não há muitos dias comentava com um padre que acabara de conhecer que, na minha sensibilidade de passar por aqui nesta viagem, nesta historia, desta vez, para mim, todos os cruzamentos são uma bênção. Quer parecer-me que, em todos os bons livros, em todos os grandes filmes, em todas as vidas, há uma pausa, provavelmente para que o melhor desfecho tenha o tempo certo de se revelar. Obrigado por teres chegado. Estava com ganas de te escrever... 

 in "versiculos em branco"

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Quero calar-me todos estes gritos taciturnos. Aliviar essa necessidade perpétua de me adiantar por não me chegar... Não formar mais desenlaces nem mais pendências. Acordar e brilhar... Sentir a querença de não apelar a moderar. Anestesiar moída, feliz, ávida por voltar a abrir os olhos e te avistar.

Preciso de ti, mesmo que não repares o quanto. Preciso que repares, para que abdique de me ser tão urgente. Preciso de não carecer tanto, que careças de mim... Para que eu possa serenar…Calar-me de todos estes gritos taciturnos...

Será que me escutas, ou sou eu quem não anui o teu sentir a clamar? Será que me cuidas nesse coração que me ocultas, que sabes o que és para mim? Será que tal sou para ti? Porquê me pareces tão similar, que até ofende tentar invadir, no que contemplo tão lá no âmago de ti, que mais parece amputado de mim?

Quero-te tanto, que até dói não saber o quanto me queres… Sei tão bem o que queres de mim, que até dói, não saberes bem o que quero de ti... E é tão igual, que não me assusta tanto pelo ser, muito mais pelo nunca ter sido... E é tão óbvio que te amo, que seria um desperdício não me amares assim...
 in "Desperdício"

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Entenderei o teu silêncio, sempre, é mais seguro. Entenderás o meu grito alguma vez? Nem todos vivemos na mesma forma de mudez. Nem todos escolhemos calar as mesmas coisas. Nem todos sabemos dar apenas. Nem todos sabemos ser apenas. Sem esperar que venham dizer no final da prova, que estamos aprovados.

Eu sou das que, se a vida pergunta, responde, o que sabe, na hora, sem grandes estudos, sem revisões, sem medo da avaliação. Sei que sempre que eu lhe perguntar ela vai responder-me na hora, sem hesitações: Tudo está no seu lugar! 

A vida passa por mim, e eu aproveito a brisa... Espero que um dia saibas, que fui um pouco mais de vida, que passou por ti, e que possas dizer que, aproveitaste. Ambos sabemos que ninguém se cruza por acaso, assim como não é por acaso, que alguns não apenas passam, e outros se passam.

Como o passarinho que cai do ninho e em vez de se encolher, experimenta voar, sou eu, hoje a atrevida. Cansada de silêncios que me assobiam na primavera, a propósito de tanta gente que passa e se passa connosco, ou de tanta gente ou coisa ou ser que nem sequer passa, e nada se passa...

 in "...nada se passa..

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Meu rosto? Porque queres saber de meu rosto? Mesmo que o conheças muda, e tem coisas que nunca mudam, mesmo que nunca as vejas.
Eu, sou tudo em mim, incluindo esse rosto, ou não... que vês, reconheces, ou não... e muito mais. Levo as mãos à cintura... nasci na praia das peixeiras... e falo alto, e rodopio... e tudo e tudo e tudo... Mas, meu rosto? De que te vale, conhecer meu rosto, se não conheceres a dona? Se nem eu dele sou dona!... Ai, rostos que tive, que tenho, que terei... Dai-me um pedaço mais de mim... esse que me falta, até no rosto!!! 

in "sem rosto"

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É tão difícil encontrar alguém que nos aceite como somos, sem nos julgar, sem nos castigar, pelo sermos... Duvido até que alguma vez tenha realmente encontrado alguém assim...resta-me não perder totalmente a milésima réstia de esperança... É que, ter que consecutivamente justificar-me, por ser apenas eu, desgasta-me completamente. Esvazia-me a coragem, sempre que me sinto não entendida, e pior que isso, sinto aquela repulsa a que possa haver qualquer outra explicação se não a tal, que dão os outros, os que repetem: - "Conheço-te muito bem!"... sem nunca realmente, chegarem a conhecer, para alegarem, insanidade, drama ou vaidade, aos meus básicos sentimentos; de dor genuína, imprópria, mais que inoportuna, mas que me devora; de gritante auto-insatisfação que não culpa ninguém se não a mim mesma, mas que entendem como exigência ao exterior, aos demais, como pressão aos que amo, aos que não me amam, ao ponto, de entenderem que apenas quero que simplesmente me abracem, quando eu menos merecer, pois é quando mais preciso... E será que não mereço mesmo? Será que tem que haver um dito comportamento normal, para os demais, para que alguém tenha uma atitude que para mim, seria o normal para comigo?
Será que quando desespero, quando me entrego à minha própria loucura, e atiro pra tudo e todos, à defesa, não ao ataque, não mereço, que me abriguem, que me protejam, de mim mesma, que me estagnem, que me parem ali, e naquele momento, seja, aqui, e agora, apenas para me tirarem desse transe em que entro sem querer, em que me esvaio a ver, e a perder as forças apenas peço que me resgatem, que exorcizem esse demónio que monstruosamente me minga, com um abraço forte quando grito, com um apertado pulsar de corações gémeos quando tremo, com um largo sorriso quando franzo o sobrolho, com uma mão firme, quando caio... Rodopio tanto em voltas inúteis para explicar que apenas preciso de amor, para trocar pelo meu... que estou como há tanto tempo, infinitamente cansada. Não peço a alguém que me salve, a alguém que me considere dependente de si, para estar bem... Peço um milagre apenas: alguém que esteja bem comigo, independentemente de eu estar ou não bem... isso para mim, é amar... Será que sei amar, ou já ninguém quer amar?

 in "Serei eu!?"
publicado em almas da minha alma a 16 de Setembro de 2011

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A clarividência, surge por vezes, não no momento em que a nossa mente recebe as mensagens e as transmite, mas quem sabe, muitos anos mais tarde, mais à frente... Para quem não existe o tempo, antes o sentimento, que qualquer outra medida na vida, fazem sentido todas as palavras sentidas. São : As lembranças ocas do tempo que não passa...
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Tantas contendas, tremendamente fechadas
Tantos dias carregados de prosas amargas
Não me roubes a bravura de chegar ao fim
Quero paz, amor, quero atracar em ti

Tanto encalço e não declaras a sentença
Tanto juízo e mais esteios para deixar
O que é nosso, e resiste a cada aterrar
Tanta distância transmutada em medo
Tanto trânsito a palmilhar e achegar
Nesse nó que apega e preenche o sentir

Não escoro mais mutismos escusos
Feridas, do desmaio ao gesto agredido
Quero olhar para ti e ver o sol a entrar
Quero o amor que te sei no coração
Tamanho e tão demovido que arrefece a crença

Se a nossa ânsia é estacionarmos juntos
Tal que ambos dolorosamente almejamos
Revira do avesso o nosso cosmos e expira
Se estacares ao meu lado, é tão mais franco
Se me consentires do teu lado, é tão mais claro

Custa tanto sem ti, este caminho
Custa tanto ver-te abstrair da escuridão
Parece que a saudade mata
Custa tanto sem ti perdoar a dor
Custa tanto ver -te varrer a chama que queima
Parece que a vontade aparta

 in (Vontade)

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Todas as meninas deveriam ter um monstro de estimação, tipo, um monstro preferido. Quer dizer, eu tenho o meu, vai daí, para não cair nas duvidas existências que me quintuplicam a semana de dores de cabeça mensal, crio eu de que, todas as meninas deveriam, ter um monstro de estimação. 
Esse, é o tal, o que nos faz querer permanecer, em vez de fugir, o que nos faz querer ser, em vez de fingir, o que nos faz sofrer, mas que nos faz sorrir. Porque nada seria igual, se não fora esse monstro, para nos equilibrar o monstro que há em nós, para nos fazer menos belas e mais estas e aquelas, menos rigorosamente perfeccionistas e mais desastradamente humanas. Só com um amonstro conseguimos domar-nos. E isso faz de nós feras muito mais resistentes, embora todas as belas, tenham o mesmo senão... Os monstros, tal como nós, estamos em vias de extinção. Vai daí, aproveitem-se, amem-se e sejam felizes!
 "monstruosamente feliz"


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Era uma vez uma nuvem… 
Estava triste. Sentia-se uma nuvem perdida, na solidão de um céu, onde as estrelas se aborreciam. E chovia, porque ela chorava. E ela chorava porque chovia. 

Tinha a canalização avariada aquela nuvem, e sempre que ficava triste, produzia líquidos em excesso, que não retinha, uma situação que a entupia, e inchava muito, os olhos, o corpo todo, os pezinhos, e ficava quieta, e chovia… só chovia…

Houve uma estrela mais próxima, nada aborrecida, bastante atrevida até, que tanto cintilou, tanto cintilou que, a despertou.

Abriu os olhos cansados, a nuvem tristonha. Enxugou o corpo ensopado, e olhou para aquela estrelita pequenita. E tentou sorrir, mas não conseguiu… Valeu-lhe aquela estrela, ser tão pequenina. Pois, quando somos pequeninos sabemos sempre que, nada fazemos sozinhos, ou de que sozinhos, nada valemos. 

E empenhada em fazer algo que, ajudasse a sua nova amiga nuvem, a estrelinha continuava a cintilar, a cintilar a tremer, e a estrebuchar, até que chamou a atenção de mais nuvens, e mais estrelas, e mais cometas e planetas, meteoros, e até daqueles pássaros grandes, a que lá em baixo quem os via no céu chamava de aviões. E conseguiu reunir uma cambada de coisas e de seres, que se juntaram também. Vendo que ali se passava algo que os atraía, por curiosidade, por milagre do universo, sei lá, todos vieram. E logo repararam que a estrelinha estava a tentar ajudar a nuvem, e que ambas se queriam, mas que não conseguiam, sair daquele impasse... 

Era um impasse sim, o facto de uma ser nuvem, em vias de novo inchaço e desmanche, porque não parava de chover, e entretanto ela ia desaparecer, e a outra, estava prestes a ficar invisível, já que era quase de dia, e havia nesse dia, muitas, muitas nuvens, que tapavam a visibilidade entre uma e outra, aquelas tão especiais nuvem e estrela.

Nisto ouve-se um trovão… Credo! Um trovão que veio do quase nada, e assustou toda aquela multidão celestial pensante, e que os chamou à razão:

_ Que se passa!? (...) Que fazeis vós todos fora do vosso lugar, todos a adorar essa estrela, ou será essa nuvem!? (…) Vá, vá. Dispersar, dispersar… Quero todos a trabalhar… A noite está finda, e temos ainda muito para fazer, antes de deitar!

A nuvem está triste declarou a estrela. 

- Estou triste de a ver assim. Tenho mesmo que fazer algo, para ela gostar de mim, e saber que estou sempre aqui a seu lado, para a ajudar nas noites mais escuras a aguentar essa coberta de tristeza, à qual ela não mais resiste…

- Que queres tu fazer por uma nuvem, estrela tonta? Não tarda, ela desaparece de tanto se chover, e amanhã tens ai outra, muito mais branquinha, muito mais feliz, capaz de te acompanhar melhor! Isso há de se resolver!

_ Não senhor. Não quero que a minha nuvem, deixe de sorrir. Sei que ela chora muito agora, porque estragou o impermeável. O Frio, o escuro, as tormentas por que passou, deixaram-na mais vulnerável. 
E é por isso que eu gosto dela, que eu quero aquela e nenhuma outra. Quero uma nuvem que eu possa ajudar, quero uma nuvem que precise de mim, para se arranjar. 
Está escangalhada, senhor, não vês? 
Não a obrigues a chorar!

Fez-se um silêncio brutal no céu, e aquela discussão parecia ser a única alguma vez tida, entre qualquer ser ali existente e o trovão, a voz, da força universal.
Estavam todos arregalados, atónitos, desejosos de ajudar a nuvem, e de ajudar a estrela, mas ao mesmo tempo todos medrosos por fazer algo, dizer algo, que fosse contra o grande trovão, a lei da natureza. 

_ Que natureza é essa, onde me dizes para desistir, de uma nuvem, para a deixar! Eu reparei nela, e vi que era ao lado dela que queria ficar… Só porque é imperfeita, queres que eu também deixe de brilhar!? 

O trovão voltou a abrir-lhe os olhos e a fazer-se soar… Tão alto, que todo o céu abanou. E muitos dos presentes caíram, fugiram. Desmontaram a reunião, dispersaram, como mandou o trovão… e ouviram: 

- Mexe-te estrela. Mexe-te vá… Quero tudo no lugar quando voltar!

Todos voltaram ao seu lugar… e a nuvem ali estava agora mais sossegada, menos extravasante nas lágrimas que ainda soltava, e perguntou:

_ Porque te preocupas comigo estrela? Porque me tentas ajudar?! Deixa-me cair, desfazer-me de vez… O grande trovão tem razão. Eu não valho a pena, e não quero incomodar!

_ Porque tu és a minha nuvem, e eu sou a tua estrela! 
Sorri minha nuvem linda, vamos encontrar maneira de te concertar… Não descansarei enquanto não te fizer uma nuvem feliz, branquinha, e fofa, e quentinha com o meu brilhar…. 
Descansa esse teu olhar. Estarei aqui, e tu estarás aí, aconteça o que acontecer, venham as tempestades que vierem. Consigamos ou não eu e tu, tu e eu, ou os dois sós, ou os dois com todo o mundo, controlar. 
Porque o Sr. trovão mandou, e é isso que vamos fazer: Quando ele voltar, pelo menos nós, vamos estar no nosso lugar! 

E parece que assim, foi. O tempo em que conversavam parou. 

A Nuvem até corou. Corou sim, já não chorava, já não se sentia estragada nem triste nem solitária. E sim sorria. Agora só sorria, como que invadida de alegria, com aquelas mágicas palavas. 

Até o trovão, que voltou, voltou mas não ecoou mais ralhetes. Foi de mansinho que se reaproximou. E, ali ficou a ver aquele maravilhoso espetáculo. Como se finalmente, não tivesse mais que se apresentar zangado, pois tudo tido tinha sido tratado. 
Estava encantado com o discurso daquela pequena estrela, com o seu tom doce, e sua entrega desinteressada. Naquele céu que os apreciava adormecido, já ninguém precisava de mais nada. Tudo era cristalino, e brilhante como um presente. Grande Momento!

A nuvem estendida, serenou. Sabia que devia a sua cura àquela linda estrela, que cada vez mais brilhava. Sorria e cintilava. Brilhava tanto que crescia, levitava…

Com tanta ternura, e admiração, a nuvem já nem sequer a achava assim tão pequenina… Era tão radiante, agora estava tão grande, tão cheia de amor, que finalmente percebeu, na beleza desse instante que aquela estrela era a maior, era o sol, que esperava para nascer… 

E tudo estava sim, no seu lugar, por mais que, todos tivessem hesitado, e duvidado, tal a agitação, tal a confusão de momentos atrás. 

Aconteceu… Ali, naquela hora, era aurora… 
E, um novo dia amanheceu! 

FIM! 

in "Estrela da Minha Nuvem”

(re-edição)

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Autores alcobacenses em Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea

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Os autores alcobacenses Marta Luís e José Alberto Vasco têm poemas incluídos no volume V da antologia de poesia portuguesa contemporânea Entre o Sono e o Sonho. Os dois volumes desta antologia, editada pela Chiado Editora, foram apresentados no passado dia 22 de Março, no Salão Preto e Prata do Casino do Estoril, tendo subido ao palco muitos dos mais de mil poetas nela antologiados, que leram os seus poemas ao vivo e sem rede, na concorrida cerimónia.
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