25/09/2014

8.778.(25set2014.7.17') Mário de Carvalho

Nasceu a 25set1944
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Biografia no portal da literatura
http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=472
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Entrevista da TVI
21ag2014
http://www.tvi.iol.pt/videos/autores-convidado-mario-de-carvalho/14182152
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Página no face
https://www.facebook.com/mariodecarvalho.escritorpagina

Eu queria largar o computador, ir lá dentro, depois ler um bocado, tomar o comprimido. Mas a gata não me sai do colo. Isto é tão raro que eu tenho medo de acordá-la. Veio de mansinho, deu umas unhadas mansas, uma mordiscadela. No colo, ronronou. Coisa pouco habitual nela. Como é que um bicho normalmente tão arisco e indiferente se prestou a isto? Tenho de aproveitar a condescendência. E de enternecer-me - eu, velho pirata empedernido -- com este favor que ela não deve repetir tão cedo.MdC
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Um bando de facínoras argelinos assassinou com malvadez sádica um cidadão francês. Trata-se de um linha de homicídios perpetrado por hordas animalizadas que representam uma ameaça bárbara à civilização. 
Os telejornais abriram com o ordenado mínimo (vá lá) e com uma treta qualquer sobre bola. Os chamados «critérios jornalísticos» que deviam ir para o raio que os partisse logo atrás dos seus autores. MdC
(Pintura de Antoine Wiertz)
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VIA CITADOR
"Sempre existiram maus escritores e ainda bem, pois fornecem, sem querer, muitos dispositivos narrativos que mais tarde podem ser utilizados pelos bons escritores"
"Os contemporâneos sempre se enganaram sobre a valia das obras dos escritores do seu tempo"
"Cada um vê os personagens de acordo com as suas vivências, o leitor também transporta algo para o romance e é muito interessante este encontro entre dois espíritos, no sentido transitivo, de comunicação entre duas disponibilidades, duas experiências, duas vivências, a do autor e a do leitor"
"Não são sentimentos generosos que motivam a campanha antiaborto, é ainda o velho desejo, que vem desses tempos fanáticos da Inquisição, de humilhar, magoar, decidir sobre o outro"
Estado Frenético de TagareliceAssola o país uma pulsão coloquial que põe toda a gente em estado frenético de tagarelice, numa multiplicação ansiosa de duos, trios, ensembles, coros. Desde os píncaros de Castro Laboreiro ao Ilhéu de Monchique fervem rumorejos, conversas, vozeios, brados que abafam e escamoteiam a paciência de alguns, os vagares de muitos e o bom senso de todos. O falatório é causa de inúmeros despautérios, frouxas produtividades e más-criações. 
Fala-se, fala-se, fala-se, em todos os sotaques, em todos os tons e décibeis, em todos os azimutes. O país fala, fala, desunha-se a falar, e pouco do que diz tem o menor interesse. O país não tem nada a dizer, a ensinar, a comunicar. O país quer é aturdir-se. E a tagarelice é o meio de aturdimento mais à mão.

(...) Telefones móveis! Soturna apoquentação! Um país tagarela tem, de um momento para o outro, dez milhões de íncolas a querer saber onde é que os outros param, e a transmitir pensamentos à distância. 
Afortunados ventos que batem todas as altitudes e pontos cardeais e levam as mais das palavras, às vezes frases inteiras, parágrafos, grosas deleas, para as afogar no mar, embeber nos lameiros de Espanha, gelar nos confins da Sibéria, perder nas imensidades do éter. É um favor de Deus único e verdadeiro. O país pereceria num sufoco, aflito de rouquidões, atafulhado de vocábulos, envenenado de sandices, se a Providência caridosa lhos não disseminasse por desatinadas paragens. 

Mário de Carvalho,