25/09/2014

8.780.(25set2014.7.37') Carlos Costa do BdP definiu-se +1x...A CGTP respondeu mbem: Os trabalhadores mais velhos não são "descartáveis"

CGTP respondeu muito bem à parvoeira de Carlos Costa:
não é só dele!
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Via CGTP - 25set2014

Os trabalhadores mais velhos não são "descartáveis"

http://www.cgtp.pt/informacao/comunicacao-social/21-inf-prop-sindical/7744-os-trabalhadores-mais-velhos-nao-sao-descartaveis
trabalhador experiente
O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa afirmou que, face à suposta falta de produtividade dos trabalhadores mais idosos, "seria necessário pensar (...) em encontrar formas adequadas de "pré-pensionamento" destes trabalhadores que, por razões ligadas à sua formação, à sua longa história de trabalho e até por razões ligadas à própria inadequação às novas condições [de trabalho], hoje frequentam sobretudo centros de saúde para obter licenças médicas e outros mecanismos de ausência temporária".
Assim, para o Governador do Banco de Portugal os trabalhadores, a partir de uma idade que não esclarece (mas que será relativamente baixa já que se está a referir a pré-pensões), devem ser excluídos da população activa, passando a ser pessoas "descartáveis" da sociedade. Serão os novos "excluídos sociais", num contexto em que a população envelhece, o que igualmente significa o envelhecimento da população em idade activa.
O que se contesta não é a possibilidade de recurso a reformas antecipadas ou a pré-reformas mas a argumentação usada. A possibilidade de recorrer a estes instrumentos existe há muito. Infelizmente há pessoas que por razões de saúde não podem continuar a prestar actividade económica, embora haja progressos na medicina que podem tornar reversíveis as condições de saúde – e, por isso mesmo, o regime de reformas antecipadas permite a reversibilidade destas. Um Governo que, recorde-se, tem usado o argumento do aumento da esperança de vida para aumentar a idade da reforma para os 66 anos e proceder a cortes nas pensões.
O que arrepia é a fundamentação económica usada para mascarar estereótipos e cavar divisões sociais, na linha do que faz o Governo, entre os reformados e os activos. Nesta linha o Governador invoca a falta de produtividade, a inadaptação a condições de trabalho e deterioração das condições de saúde para admitir a exclusão da população activa destes trabalhadores. Este fundamentalismo económico e esta perspectiva desumanizante, estigmatizante e guetizadora vai contra o que defendem hoje organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde, a Organização Internacional do Trabalho e a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho. Estas organizações têm defendido abordagens, políticas e medidas que vão no sentido da adaptação das condições de trabalho ao longo do ciclo de vida, para a valorização da experiência dos trabalhadores mais velhos e para a transmissão de saberes entre as várias gerações de trabalhadores.
Estas organizações combatem igualmente os estereotípicos que cavam discriminações entre cidadãos com diferentes grupos de idade e incentivam o conflito de gerações. Por exemplo, a Organização Mundial da Saúde tem tido um papel relevante no esclarecimento e na denúncia de estereótipos ligados à saúde na sua relação com a idade.
A gravidade de afirmações deste tipo reside não apenas no seu conteúdo mas também no facto de provirem de uma pessoa que está à frente de uma instituição como o Banco de Portugal, de quem à partida se deveria esperar uma atitude defensora da integração das pessoas na sociedade, onde é profundamente relevante a integração no mercado de trabalho, já que é na inserção produtiva que se geram rendimentos de que as pessoas vivem. Sobretudo num contexto de envelhecimento da população, o que significa também o envelhecimento da população activa.
O Governador não pode, além disso, esquecer que excluir ainda mais pessoas do emprego é tornar as suas condições de vida mais vulneráveis a políticas que, como bem sabe, vão no sentido do empobrecimento e do corte das pensões. Certamente que também conhecerá a atitude inqualificável do Governo que determinou a suspensão do pagamento dos complementos de pensões nas empresas do Sector Empresarial do Estado com uma redução significativa dos rendimentos destes trabalhadores. Relembra-se que estes trabalhadores foram coagidos a deixar as empresas invocando-se as necessidades destas. Mais do que sugerir aos outros a passagem à reforma, talvez fosse melhor o Sr. Governador pensar na sua própria passagem à aposentação para não repetir, em nome do Banco de Portugal, declarações que atentam contra a dignidade dos trabalhadores mais idosos.
A CGTP-IN sempre defendeu que os trabalhadores com longas carreiras contributivas (40 ou mais anos) possam aceder à reforma, independentemente da idade, sem qualquer penalização. Para além desta medida, a CGTP-IN defende ainda uma política de trabalho que adapte o trabalho ao longo do ciclo de vida das pessoas e que nomeadamente considere: a melhoria e a adaptação segundo a idade das condições de trabalho, a formação contínua nos locais de trabalho, a saúde e a segurança no trabalho, a transmissão de conhecimentos entre trabalhadores de várias gerações, a reparação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais, a reposição da idade legal da reforma aos 65 anos, a revogação do factor de sustentabilidade e a valorização no cálculo das reformas das longas carreiras contributivas.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 24.09.2014
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Via TVI
Arménio Carlos responde:
http://www.tvi24.iol.pt/economia/armenio-carlos/talvez-fosse-melhor-o-governador-pensar-na-sua-propria-reforma
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comentário de Ab Jalves:
"Na confusão gerada pelo caso Passos Coelho, poucos se aperceberam da gravidade destas declarações. És uma máquina, já não produzes de forma rentável, (não rentabilizas o teu custo)  logo te transformas num custo acrescido para a empresa. Acabas por te transformar num produto fora de validade, logo legitimamente descartável. É o capitalismo liberal puro e duro."
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Via dn

Pré-reforma para trabalhadores com baixa produtividade

por Lusa, publicado por Ana Meireles23 setembro 2014
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=4141317&utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook
Carlos Costa sugeriu este mecanismo como uma resposta para o desemprego
Carlos Costa sugeriu este mecanismo como uma resposta para o desempregoFotografia © EPA/TIAGO PETINGA
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defendeu hoje em Lisboa a necessidade de encontrar mecanismos de pré-reforma para trabalhadores com "longas carreiras contributivas", mas que não se adaptaram às novas condições de trabalho.
No seminário 'A necessidade de um crescimento robusto para o pós-troika', organizado pelo Fórum para a Competitividade e que decorreu hoje à tarde em Lisboa, Carlos Costa defendeu mecanismos de passagem à reforma de trabalhadores com "longas carreiras contributivas" e com rendimentos e níveis de produtividade decrescentes.
"Seria necessário pensar (...) em como encontrar formas adequadas de 'pré-pensionamento' destes trabalhadores que, por razões ligadas à sua formação, à sua longa história de trabalho e até por razões ligadas à própria inadequação às novas condições [de trabalho], hoje frequentam sobretudo centros de saúde para obter licenças médicas e outros mecanismos de ausência temporária", afirmou o governador.  
Carlos Costa sugeriu este tipo de mecanismos 'pré-pensionamento' como uma possível resposta para o problema do desemprego estrutural em Portugal, cuja absorção "vai levar tempo", já que não se resolve "pela simples inversão do ciclo económico". 
Durante a intervenção, o responsável do banco central disse ainda que o modelo institucional europeu existente "não é suficientemente integrado" e "não tem um centro de decisão que pense o todo", o que cria "dois enviesamentos que sistematicamente atrasam a resposta europeia": a inércia da resposta e o facto de os países com maior dimensão fazerem prevalecer a sua posição. 
Carlos Costa disse ainda que é preciso "um centro de decisão capaz de antecipar os problemas e que minimize os custos de ajustamento", acrescentando que o processo de integração europeia é um "inerente ao processo de desenvolvimento sustentado da economia portuguesa".