17/12/2015

6.203.(17dez2015.13.31') Slavoj Zizek

Nasceu a 21mar1949
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Via Graça Silva:
"Viver no fim dos tempos"
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22set2015
O polémico filósofo marxista esloveno defende no livro "Problemas no Paraíso", publicado em Portugal, que o problema da esquerda foi o abandono do "horizonte comunista" como conceito ideológico.

Filósofo Slavoj Zizek propõe a recuperação do "horizonte comunista"

 livro "Problemas no Paraíso -- o comunismo depois do fim da história" parte do princípio de que "o capitalismo oferece o pior dos futuros" para aprofundar a reflexão sobre os movimentos de protesto inorgânicos e os "dramas" da esquerda face à globalização.
Para o autor, galardoado pela Faculdade de Belas Artes do Porto em 2014 com a medalha de honra, não existe "qualquer espécie de visão capitalista do mundo" porque a lição fundamental a retirar da globalização é a de que as técnicas de acumulação de capital conseguem acomodar-se a todas as civilizações: "de cristãos a hindus e budistas, de leste a oeste" cuja forma mais extrema se traduz através do neoliberalismo.
Para o filósofo, de 66 anos, e diretor internacional do Instituto de Humanidades de Birbeck, na Universidade de Londres, a maior parte das gigantescas somas de dinheiro dos resgates financeiro aos países em crise (Portugal, Irlanda, Grécia e Chipre) foram encaminhadas diretamente para os "titãs desgovernados" que falharam nos "esquemas criativos" e, desse modo, provocaram o colapso das economias levando a protestos desorganizados.
No livro, o esloveno escreve que a auto-organização direta das manifestações é um "mito" e a "mais profunda das ilusões" porque as ideias não perduram no tempo, apesar dos momentos de intensa participação coletiva e "êxtase" durante os quais as comunidades locais debatem e decidem, em constante estado de emergência, sem "um chefe a guiá-las".
"São apenas vários grupos a interagir maioritariamente por via dos novos media, como o Facebook ou o Twitter, coordenando a sua atividade espontaneamente. É por este motivo que os aparelhos de poder policial falham quando querem descobrir comités secretos de organizadores", sublinha, questionando se esta "auto-organização molecular espontânea" é realmente a melhor forma de "resistência".
Desta forma, como marxista, defende que devem ser recusadas todas as estruturas de "horizontalismo anárquico" e de desconfiança em relação às estruturas hierárquicas.
Verifica-se uma forma quase "dolorosa" na forma como se encara o desaparecimento da esquerda radical da realidade política e ideológica atual, escreve Slavok Zizek que, recusando o totalitarismo e os crimes bárbaros do estalinismo, defende uma nova visão sobre "os horizontes comunistas".
"Os sobreviventes da velha esquerda radical são como mortos-vivos simpáticos, vestígios de outra era, estranhos que vagueiam num mundo estranho" usando como exemplo o grupo revolucionário "Weather Underground" que atuou nos Estados Unidos após 1968.
Para o autor, as acusações de que o grupo provocou o afastamento da esquerda norte-americana "da luta" não passou de uma manipulação até porque "a sua ação direta" destinava-se a destruir edifícios e não pessoas.
"O recurso à violência pelos 'Weathermen' foi uma tentativa desesperada de reagir aos falhanços do grupo 'Students for Democracy Society' na mobilização de pessoas a pôr cobro à guerra do Vietname. Ou seja, o falhanço da esquerda era já evidente: a violência dos 'Weathermen' era o sintoma desse falhanço, o seu efeito e não a sua causa", escreve.
O livro "Problemas no Paraíso -- o comunismo depois do fim da história" (editora Bertrand), que relata também o encontro entre o autor e o criador do WikiLeaks, Julian Assange, e a crise na Ucrânia, foi lançado na semana passada em Portugal.
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http://papodehomem.com.br/comunista-x-sionista-julian-assange-entrevista-o-intelectual-esloveno-slavoj-zizek-o-mundo-amanha-2/
O intelectual superstar Slavoj Žižek é conhecido por suas contribuições à teoria da psicanálise, à crítica cultural e à política, na qual sempre se engajou para além das discussões acadêmicas – ele foi candidato à presidência da Eslovênia nos anos 90. Cultuado pela jovem vanguarda intelectual europeia, esse notório provocador se define como leninista mas também como lacaniano.
https://www.youtube.com/watch?v=BDNResrkqmM
O intelectual superstar Slavoj Žižek foi um dissidente na Iugoslávia do ditador Tito e concorreu na eleição presidencial da Eslovênia nos anos 90. Notório provocador reconhecido mundialmente, se descreve como leninista e admirador da herança judaico-cristã da Europa. Já David Horowitz é um soldado linha dura do pensamento político conservador americano -- e um sionista sem o menor pudor. Nos anos 60 e 70, foi uma liderança de esquerda na universidade californiana de Berkeley. Depois de colaborar com os Panteras Negras, começou seu caminho sem volta para a direita. Hoje, seu instituto faz campanhas contra influências islâmicas e de esquerda na mídia, na academia e na política.

Este encontro entre mentes tão diferentes é no mínimo, acalorado. "Você é um apoiador da coisa mais próxima que temos do nazismo", diz Horowitz. "Você apoia os palestinos. Eu não vejo como diferenciar os palestinos, que querem matar os judeus, dos nazistas". Irritado, o esloveno dispara: "Desculpe, você já foi à Cisjordânia?".

Em alguns momentos, Assange tem que segurar Žižek, de tão irritado que ele fica embora seu adversário esteja em outro continente.

O tom da conversa varia entre combativo, pessoal e bem humorado. Os três falam de Stálin a Obama, de Israel à Palestina, da liberdade ao Estado de vigilância,-- passando, é claro, pelo trabalho o WikiLeaks, considerado "perigoso" por Horowitz. "Nós, totalitários das antigas, deveríamos, nos juntar e nos livrar deste liberal aqui!" brinca Zizek para Horowitz, referindo-se a Assange.

No final, Žižek conclui: "Isso foi uma loucura!".