23/05/2016

2.427.(23maio2016.13.55') Áustria

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http://viajeaqui.abril.com.br/paises/austria/mapa
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Eleições maio2016
quase quase eleito 1 PR da extrema-direita
afinal foi o candidato dos Ecologistas que venceu
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via público 23maio2016:
Alexander Van der Bellen conseguiu levar a melhor nos votos
 por correspondência, ultrapassando o nacionalista e xenófobo 
Norbert Hofer.

https://www.publico.pt/mundo/noticia/media-austriacos-anunciam-vitoria-de-candidato-ecologista-nas-presidenciais-1732796
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avante 12maio2016
http://www.avante.pt/pt/2215/europa/140273/
Chanceler demite-se
na Áustria
O chanceler austríaco e líder do partido social-democrata (SPÖ), Werner Faymann, demitiu-se, dia 9, de todas as suas funções, duas semanas depois de o partido ter sido derrotado na primeira volta das eleições presidenciais.

Pela primeira vez, o SPÖ e o partido conservador (ÖVP), que governam a Áustria em coligação desde 2008, foram afastados da corrida presidencial, cuja segunda volta está marcada para o próximo dia 22.

A presidência será disputada pelo candidato do partido de extrema-direita FPÖ, Norbert Hofer, que obteve 36,4 por cento dos votos, e o ecologista Alexander Van der Bellen, que obteve 20,4 por cento dos votos.

O candidato social-democrata Rudolf Hundstorfer e o conservador Andreas Khol foram afastados da corrida presidencial.

O vice-chanceler da Áustria, Reinhold Mitterlehner, assumiu interinamente as funções de chefe do governo.

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avante 7nov2013
http://www.avante.pt/pt/2084/argumentos/127617/
O papel do Partido Comunista Austríaco
na resistência contra o regime nazi
Áustria sem «atestado Persil»
Desde os gabinetes oficiais a Áustria gosta de proclamar-se como a «primeira vítima do nacional-socialismo». Para o oficializar o Estado Austríaco formalizou esta «teoria da vítima» na Declaração de Moscovo a 30 de outubro de 1943. Isto serviu para limpar a imagem do estado corporativo austro-fascista depois do fim da Segunda Guerra Mundial e ocultar o fato de que quase 700 000 austríacos, incluindo altos cargos políticos do período após a Primeira Guerra, foram membros do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (em alemão: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei com a sigla NSDAP).

No entanto a declaração de Moscovo não pode ser usada como um «Persilschein», um «atestado Persil» para as elites austríacas. Esta expressão foi criada no período pós-nazi e significa atestado de impunidade, prova de um passado político «limpo», da não-colaboração com o regime de Hitler. A Áustria não merece este atestado. Assim o comprova a seguinte frase do documento da dita declaração: «A Áustria participou na guerra lado a lado com a Alemanha de Hitler e portanto não pode negar a sua responsabilidade no decurso da mesma». Mesmo antes da anexação o Estado Austríaco foi governado por uma panelinha fascista que preferiu colocar o país nas mãos de Hitler do que armar os trabalhadores para fazer frente ao ditador alemão. A elite austríaca teve mais medo de um operariado revolucionário do que do despotismo de Hitler.
Atualmente a maioria dos austríacos desconhece que a resistência contra o regime nazi na Áustria foi impulsionado pelo Partido Comunista da Áustria (KPÖ - Komunistische Partei Österreich). Os documentos relativos àquela época falam por si. Wolfgang Neugebauer, chefe do Centro de Documentação da Resistência Austríaca (DOeW), afirma que dos 5348 que é o número total de combatentes da resistência condenados, 60% eram membros do partido. Tendo em consideração a resistência política este número aumenta para uma quota de 75%. Os boletins e panfletos de propaganda anti-nazi impressos ilegalmente durante a Segunda Guerra Mundial coletados no DOeW são 90 por cento de origem comunista.

Na noite do 11 para o 12 março de 1938, enquanto as tropas do Reich alemão cruzavam a fronteira com a Áustria, o KPÖ foi o único partido político na Áustria que apelou ao povo para resistir. Desde o órgão do Partido Comunista Checo em Praga foi feita uma declaração do Comité Central do partido austríaco já exilado. Um panfleto foi enviado clandestinamente para a Áustria e difundido a milhares de pessoas. Nem a Igreja nem os social-democratas tinham chamado oficialmente para a resistência. Dias mais tarde, a 18 de Março, o episcopado austríaco mandou ler uma declaração a partir do púlpito, na qual notificava oficialmente o reconhecimento do regime nazista, acrescentando com notória satisfação que «ao liberar a ação do Movimento Nacional Socialista era possível evitar que o todo-destrutivo bolchevismo ateu ganhasse seguidores». Porta-vozes da social-democracia reconheceram a «conexão» como um dado adquirido, por alguns até mesmo a ser celebrada.
A resistência comunista distingue-se dos outros grupos, por um lado pela abrangência e por outro pela dedicação. Aqueles que a integraram encararam a resistência contra o fascismo como uma luta política e militar global e séria, arriscando para tal a própria vida. Devido à natureza política da resistência, era uma prioridade estratégica para o Comité Central do KPÖ no exílio criar uma liderança do partido acionável dentro das fronteiras austríacas. Claramente com o objetivo de coordenar a resistência contra o regime nazi e sabotar o esforço bélico, isto é, a produção das grandes empresas. No entanto, as estruturas estabelecidas pelo partido dentro da Áustria eram vulneráveis. A Gestapo conseguia infiltrar espiões na estrutura de resistência e desta forma desapareciam dezenas, centenas de pessoas. Numa lista negra da Gestapo constam os nomes de quase 1000 líderes da resistência comunista. Uns desapareceram sem deixar rasto e outros saíram do país.
A resistência ao terror da Gestapo tinha inevitavelmente de assumir outras formas. Na circular do primeiro Plenário do Comité Central após a ocupação da Áustria, que ocorreu em Julho de 1939 em Paris, lia-se: «Tu és o partido! Quanto mais difíceis são as condições de luta, mais importante é o papel de cada comunista, que não tem necessariamente de esperar por ordens superiores. Faz valer a política do partido na tua esfera privada!». Os centros da resistência política foram as grandes empresas em Viena, no quarteirão Wiener Neustadt, nas regiões da Alta Estíria e da Alta Áustria. Nas atividades de resistência organizadas pelos comunistas participaram também socialistas, sindicalistas e apartidários. Foram variadas as formas de resistência: desde atos solidários com os camaradas presos ou condenados à morte até à sabotagem da produção de armamentos, passando pela impressão de panfletos, distribuídos por todo o país.
O conteúdo histórico deste texto faz parte de um livro sobre a história do KPÖ 1918-2008, que foi publicado em 2009: Walter Baier, Das kurze Jahrhundert – Kommunismus in Österreich 1918-2008 (em port: O século curto – o comunismo na Áustria 1918-2008), Steinbauer, Viena 2009.
Walter Baier foi presidente do KPÖ desde 1994 até 2006.
O texto foi redigido por Roland Steixner, dirigente do KPÖ da região do Tirol.
Tradução de Sónia Melo.
 Info-box – algumas datas e números do KPÖ – Partido Comunista Austríaco

  •  fundado em 1918 em consequência da revolução de outubro

  • em 1947 integrou pela primeira um governo

  •  em 1971 viu pela primeira vez o parlamento por dentro

  • no período pós-Segunda Guerra Mundial o partido tinha 150 000 membros, hoje conta com 2500

  • Nas últimas eleições nacionais de 2008 teve 0,8 % dos votos. Em Graz, a segunda maior cidade austríaca, o KPÖ atinge regularmente os 20% 

Sobre Alfred Klahr
Alfred Klahr (1904-1944) foi um politólogo, jornalista e comunista austríaco, que aprofundou uma questão fundamental nessa época: a Áustria é parte da nação alemã ou possui uma identidade nacional própria?
Alfred Klahr chegou à conclusão de que a Áustria forma uma nação por si só, com fundamentos culturais bem distintos da vizinha alemã. Na altura esta era uma afirmação perigosa. O fascismo empenhava-se em definir a Áustria como parte integrante da nação alemã. Tal tese e afirmação custou a vida a Alfred Klahr. O membro do KPÖ foi assassinado em 1944 em Varsóvia por uma patrulha das SS.
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avante 3fev2000
União Europeia
isola Áustria

Catorze estados membros da União Europeia decidiram suspender todos os contactos políticos oficiais com a Áustria, caso o futuro governo de Viena seja integrado pelo FPO (partido de extrema-direita de Joerg Haider).
A decisão, divulgada na segunda-feira, afirma que «não será prestado apoio aos candidatos austríacos para cargos em organizações internacionais» e que «os embaixadores austríacos nas capitais da UE só serão recebidos a nível técnico».
Os negociadores da extrema-direita e os conservadores austríacos apresentaram terça-feira um acordo sobre um programa de governo de coligação que ontem deve ter sido submetido ao presidente Klestil. O presidente deverá decidir se aceita este governo, apesar das ameaças de boicote da União Europeia a que se juntaram também os Estados Unidos.

«Avante!» Nº 1366 - 3.Fevereiro.2000 
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avante
7out1999
ÁustriaExtrema-direita ganha terreno

Os resultados das eleições legislativas austríacas, realizadas no domingo, reflectem o descontentamento com o governo de coligação do SPOE (social-democratas) e do OEVP (democratas cristãos) e marcam uma preocupante subida da extrema-direita, com o Partido Liberal da Áustria (FPOE) a afirmar-se como segunda força, com 27,2 por cento dos votos e 53 lugares no parlamento.
Pela primeira vez desde a II Guerra Mundial e a criação da Segunda República em 1945, o Partido Liberal da Áustria (FPOE), de extrema-direita, surge como a segunda força política do país. Os resultados são ainda provisórios, mas a subida é motivo de preocupação enquanto reveladora de sentimentos que há muito deveriam estar ultrapassados. O FPOE, liderado por Jörg Haider, apresenta ideias xenófobas e racistas (a Áustria conta com 12,5 por cento de imigrantes), propostas demagógicas e populistas, e candidatos bem conhecidos como um ex-campeão olímpico e mundial de ski e uma popular apresentadora de televisão. Entre as promessas da extrema-direita conta-se, por exemplo, o pagamento a cada mãe de um cheque mensal de mais de 80 contos por cada criança com menos de seis anos de idade.
De referir que em 1986, quando Haider assumiu a liderança do FPOE, o partido não tinha mais de cinco por cento dos votos. Agora, mais de um em cada quatro eleitores votou nas suas propostas.
Segundo a generalidade dos comentadores, esta viragem do eleitorado à direita deve-se não tanto à existência de grandes problemas, mas ao desencanto com o imobilismo e à acomodação da social-democracia no poder.
Negociações difíceis
O presidente Thomas Klestil começou segunda-feira as conversações com os dirigentes dos quatro partidos com representação parlamentar para a formação do novo governo, mas a tarefa de criar o próximo executivo parece difícil.
O problema não radica no facto de o SPOE ter descido de 38,1 por cento para 33,4 por cento e o OEVP de 28,3 por cento para 26,9 por cento, já que os seus votos, somados, continuam a constituir uma maioria; o problema está no facto de os democratas cristãos se recusarem a fazer parte do governo sendo o terceiro partido mais votado. Por isso todos esperam agora a próxima terça-feira, data em que será conhecido o resultado da votação por correspondência, cerca de 200.000 votos, que poderá inverter a correlação de forças: apenas 14.000 votos separam o OEVP do Partido Liberal.
«Os Verdes» aumentaram o seu eleitorado, subindo de 4,8 por cento (nove deputados) para 7,1 por cento (13 deputados). O Forum Liberal, por seu lado, desceu de 5,5 por cento (dez deputados) para 3,4 por cento, perdendo a representação parlamentar.
O chanceler Viktor Klima admitiu já que «a social democracia recebeu uma grave e dolorosa advertência», mas sublinhou que «o SPOE é o partido mais votado, com mais seis por cento dos votos do que o seguinte. Espero poder formar governo e evitar cometer os erros do passado.»
Preocupação na Europa
As reacções à subida da extrema-direita não se fizeram esperar. Segundo a Lusa, a União Europeia está preocupada com o facto de o avanço do FPOE poder abrandar o processo de alargamento aos países de Leste.
O Governo da Eslovénia manifestou igualmente apreensão. «Seguimos estas eleições com grande atenção e também preocupação pela viragem do eleitorado para a direita», afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros esloveno, Boris Frlec, acrescentando que espera que a «Áustria conte dentro em breve com um novo governo que não condicione com questões bilaterais pendentes as relações multilaterais e a nossa inclusão na velha Europa».
Os EUA também se pronunciaram sobre o ressurgimento das ideias xenófobas ou pró-nazis na Áustria. O porta-voz do Departamento de Estado, James Rubin, declarou que nas discussões que o governo norte-americano tem mantido com o líder da extrema-direita «sublinhámos a nossa forte oposição a qualquer declaração ou política que possa ser interpretada como xenófoba ou favorável ao regime nazi». Uma posição que não impede as relações com Haider, pois como Rubin sublinhou Washington mantém «contactos com todos os principais partidos» austríacos e tem «excelentes relações com a Áustria».
Israel, por seu lado, sublinhou esperar «que o próximo governo austríaco seja baseado nos partidos democráticos esclarecidos e não em elementos extremistas que despertam muito más recordações».
Quanto ao Congresso Mundial Judeu considerou «uma vergonha para a Áustria o avanço de Haider no espectro político».

«Avante!» Nº 1349 - 7.Outubro.1999