18/05/2016

5.720.(18maio2016.7.7') Patrice Lumumba...República Democrática do Congo...+1 vergonha "ocidental" "democrática"

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6abril2018
NÃO ESQUECEMOS!!!...os "democráticos" POLÍTICOS que apoiam os exploradores dos recursos naturais...fomentam as guerras...República Democrática do Congo...
https://www.facebook.com/teleSUR/videos/10155350943846179/?hc_ref=ARSJ2XtybIa3JMh-x1hBu0N_fD0dXWVqev8W_wi5hhAW8cvUi4fruUA4SreHzHx960E
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nov2015
Via
http://ruportugal.blogspot.pt/2015/11/6-milhoes-de-mortos-no-congo-ignorados.html

6 milhões de mortos no Congo ignorados por toda a Comunicação Social

Um genocídio está a acontecer na República Democrática do Congo (RDC). Mais de 6 milhões de pessoas (das quais metade são crianças com menos de 5 anos!), foram massacradas, sob uma indiferença geral e com o apoio dos Estados Unidos e da Europa!

Centenas de milhares de mulheres e de raparigas foram violadas e mutiladas pelas tropas de ocupação. Isto com o único objectivo: para se apoderarem das riquezas minerais excepcionais que se encontram no subsolo do país...

 

Em pleno centro de África, o Congo é um país rico, cheio de matérias-primas (diamantes, ouro, estanho, gás, petróleo, urânio, acrónimo de colombite-tantalite…), florestas, água, mulheres e homens, múltiplas tribos reunidas numa nação desenhada por colonos, e que corresponde historicamente a nada. No seguimento do genocídio no Ruanda, os países vizinhos aproveitaram-se da incerteza político-institucional do Congo (país limítrofe do Ruanda), para atacar, de todos os lados, este gigantesco país cheio de tesouros.

E qual a reacção dos Ocidentais face a isto? 

A culpa dos dirigentes americanos e europeus quanto ao genocídio da Ruanda, levou-os a optar por uma politica pró-Ruanda, deixando os rebeldes Ruandeses passar para o Congo, livremente, e podendo fazer o que querem, ajudados pelos aliados da Uganda e do Burundi…

É imprescindível salientar que as numerosas riquezas naturais da RDC são vitais para as economias ocidentais, especialmente, para os sectores automóvel, aeronáutico, espacial, a alta tecnologia e a electrónica, a joalharia… O acrónimo de colombite-tantalite sobretudo (o Congo que possui pelo menos 60% dos recursos mundiais), é essencial no fabrico dos componentes electrónicos que encontramos nas televisões, nos computadores, nos smartphones mas também em certas armas com o os mísseis! A RDC sofre, igualmente, de um desflorestação maciça. E quais são os principais importadores? Os EUA, a Europa, a China, nada de surpreendente.

Como os conflitos parecem ser internos, dizendo unicamente respeito à África, ninguém pode acusar os EUA e as outras potências ocidentais, por se aproveitarem dos recursos e das riquezas do Congo, uma vez que não têm uma intervenção directa. Não há dúvida, que é muito mais prático deixar os povos matarem-se entre si. Em paralelo, os EUA apoiam as ditaduras que se sucedem no Congo e as milícias da Ruanda e da Uganda. É uma maravilha.

A pobreza mantida e as condições de vida miseráveis, as violações constantes (quando a taxa de SIDA é superior aos 20%, nas províncias a Leste do país), a deslocação da população, os ultrajes, as epidemias, etc. Trata-se de uma estratégia de desumanização usada para tornar as vitimas impotentes. Não existem palavras suficientemente duras para descrever esta terrível situação.

Serão os dirigentes ocidentais tão sedentos de riqueza, ao ponto de não intervir num novo genocídio? Sim! Aliás, não só não intervém, como escondem esse genocídio, ajudam com armas e permitem a observação dos treinos militares realizados pelas nossas elites. 

Uma coisa é certa: o que se passa no Congo, dos negócios político-económicos ao genocídio, nada é determinado, unicamente, pelos Congoleses, tendo as potências da carnificina, ávidas de riqueza e sem consideração pelos povos, um papel determinante.

A situação no Congo será resolvida pelos Congoleses, desde que a comunidade internacional pare de apoiar os Ruandeses, os Ugandeses e todas as milícias que perpetuam este estado de guerra insuportável. Ao apoia-los, a comunidade internacional está a permitir-lhes a tomada das riquezas de um país, sem qualquer justificação. 6 milhões de mortes, metade das quais, eram crianças pequenas. O mundo que se diz «livre» - ou seja, nós - tem a obrigação de encarar o que essa «liberdade» deixa acontecer. Porquê tanta violência e tão pouco barulho por parte dos meios de comunicação?
 
Será que é suficientemente interessante para o Francês médio? Não será suficientemente sensacionalista, este massacre que se conta em milhões de pessoas? Será que é muito longe de «vossa casa»? Aplicam, mais uma vez, esta odiosa «lei da proximidade»? Qual o motivo da inexistência de reacção? Não há qualquer impacto no imaginário colectivo? Nenhuma indignação? Nenhuma cólera? Nenhuma emoção?

A nossa obrigação como cidadãos do mundo é, portanto, de fazer circular esta informação, para que o mundo saiba, antes que algo mais aconteça. Existem culpados tanto em África como na Europa. O silêncio dos poderosos mata tanto como o barulho das metralhadoras. Ponhamos os assassinos face às suas responsabilidades.

Como podem 6 Milhões de mortos serem absolutamente silenciados, sem qualquer repercussão mediática?
 
Nas cinzas do genocídio ruandês, a segunda guerra do Congo rebenta em 1998, na região dos grandes lagos, a Este do Congo. Através da acção de cerca de trinta milícias locais, nove países Africanos estão directamente envolvidos: a Angola, o Zimbabué, a parte sul da Namíbia, o Ruanda, o Uganda, o Burundi, o Congo, o Chade e a parte Norte do Sudão.
Esta guerra do Congo está marcada: pelas sequelas do genocídio ruandês, pela fraqueza do Estado congolês, pela vitalidade militar do novo Ruanda, pela sobrepovoação da região dos grandes lagos, pela permeabilização das velhas fronteiras coloniais, pela intensificação das tensões étnicas devidas à pobreza, pela presença de riquezas naturais, pela militarização da economia informal, pela procura a nível mundial de matérias primas minerais, pela procura local de armes e pela impotência das Nações Unidas.

O balanço é pesado: 6 milhões de mortes, próximo dos 4 milhões de deslocados, campos de refugiados saturados e centenas de milhares de pessoas empobrecidas. As populações não morrem debaixo de fogo. Elas morrem, maioritariamente, de doenças e de fome. As armas de guerra são a violação e a destruição do tecido social.

Para a exploração do acrónimo de colombite-tantalite, esgota-se as populações locais, empobrecendo-as, violando-as, incitando-as a ir embora. Destruindo, para esse fim, as infra-estruturas sanitárias, transformando, assim, a mais pequena patologia mortal. O acrónimo de colombite-tantalite é um cascalho preto que se encontra na lama e que possui um poder económico muito pesado. 80% das reservas mundiais estão na RDC. O acrónimo de colombite-tantalite contem tântalo e todo o planeta quer. Trata-se de um elemento químico adaptado às superligas da indústria da aeroespacial e aos condensadores no domínio da electrónica. Indispensável na produção de tablets e smartphones.

A debandada a volta do acrónimo de colombite-tantalite é organizada pelas grandes multinacionais longínquas, pelos mafiosos e pelos ditadores dos países vizinhos.

Os agricultores da província de Kivu são perseguidos, caçados. A militarização da economia gera a comercialização da violência. As milícias propõe os seus serviços para aterrorizar, torturar, violar. O ódio étnico é exposto, como numa montra, para justificar as acções, mas é só areia para os olhos. A realidade é outra, a violência atende à concorrência comercial.

O historiador David Van Reybrouck, num Opus admirável que se dedicou ao sujeito «Congo» chez actes sud, descreve os mecanismos da região e admira-se com o facto de 6 milhões de mortos não ter qualquer cobertura mediática e nem provocar qualquer indignação popular.

«Ela desapareceu da actualidade mundial porque era inexplicável e confusa. Para cobrir guerras, o jornalismo recorre a um enquadramento de referências morais, nesta guerra do Congo não há um lugar dedicado aos bonzinhos».

E quando, com alguma regularidade, uma reportagem vem descodificar esta guerra, não tem eco, não há nenhuma reacção da opinião pública, é o silêncio da comunidade internacional. Ninguém quer saber e todos se acomodam.

(isto nunca será foto de capa do jornal Libération, não sonhem…)


Fonte: Traduzido pela equipa do RiseUP Portugal 
(Trad: M Rosário S; Revisão; Cristina Cidade (AT))

em baixo a reportagem "Crise no Congo - A Verdade Exposta", legendado em português
https://www.youtube.com/watch?v=X29oQH5s9tg
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avante 13dez 2012
Carlos Lopes Pereira
 O imperialismo ameaça o Congo
Os países da África Austral decidiram enviar tropas para o Leste da República Democrática do Congo (RDC), visando estabilizar a região do Kivu, onde grupos armados têm levado a cabo acções militares. A força africana, designada Força Internacional Neutra (FIN), será comandada pela Tanzânia e constituída por soldados daquele país e da África do Sul.
A decisão foi tomada no sábado, 8, em Dar-es-Salam, pela cimeira extraordinária de chefes de Estado e de governo da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), convocada pelo seu presidente, Armando Guebuza, de Moçambique.
No Leste do Congo já se encontra uma força das Nações Unidas, a MONUSCO, mas a SADC considera que ela apenas garante actividades humanitárias, numa zona em que são reportadas diariamente «mortes, violações e pilhagens, entre outros crimes praticados por grupos armados». E pede à ONU que altere o mandato desta força, conferindo-lhe «poderes de reacção armada directa em caso de ataque».
A cimeira de Dar-es-Salam reafirmou «a indivisibilidade e o respeito da soberania e da integridade territorial» da RDC, manifestou profunda preocupação em relação à deterioração da situação de segurança e humanitária no Leste do país, e «condenou veementemente o grupo M23 e os seus ataques contra as populações civis, as forças de manutenção da paz da ONU e as agências humanitárias, entre outros males».
O presidente Guebuza afirmou no final da cimeira que «estamos abertos ao diálogo, mas não estamos dispostos a continuar a ver pessoas indefesas a serem mortas».
Guebuza revelou que a SADC vai trabalhar em conjunto com a Conferência Internacional dos Grandes Lagos (CIEPD), com a União Africana e a própria ONU em busca de apoios para o êxito da força militar africana.
Por seu turno, o presidente do CIEPD, Yoweri Museveni, do Uganda, considerou que os quase 20 mil efectivos destacados no Congo sob a bandeira da ONU estão a promover uma espécie de «turismo militar», já que mesmo com a sua presença a RDC continua a ser destabilizada.
No mesmo dia em que se realizou em Dar-es-Salam a cimeira da SADC, representantes do governo da RDC e do Movimento 23 de Março – o grupo «rebelde» responsável pelas acções de guerra no Kivu – reuniram-se em Kampala, capital ugandesa, para negociar a paz no Leste congolês.
Sobre a situação na RDC, a República de Angola, sua vizinha, tem posições claras, que ajudam a compreender melhor o que se passa num dos maiores e potencialmente mais ricos países africanos.
«A situação no Leste da RDC está a ser apresentada pelos agressores como sendo um ataque de “rebeldes”. Na verdade é uma invasão externa com fortes apoios nas potências ocidentais, as mesmas que deram força ao Uganda e Ruanda. Os grupos armados levam uma bandeira criada à pressa porque parecia mal içarem as bandeiras dos que apoiam a agressão», escreveu há dias o Jornal de Angola.
Num editorial intitulado «Depois do Sudão, o Congo», o diário acusou não só os governos ugandês e ruandês mas também «os países ocidentais que apoiam o regime de Paul Kagame» de pretender fazer «chegar a Kinshasa» os «rebeldes» e de ameaçarem a paz na região dos Grandes Lagos e até na África Austral.
«Na Líbia foi dada luz verde à OTAN para depor o presidente de um país soberano. Na República Democrática do Congo os grupos armados podem derrubar um governo legitimado pelo voto popular e não há problema nenhum. Pelos vistos só interessam os recursos mineiros do Kivu, que de resto andam a ser pilhados há décadas pelos países ocidentais que estão por trás da actual agressão», considera o JA.
O jornal denuncia que «o objectivo dos fabricantes de armas é provocar uma guerra nos Grandes Lagos que leve ao desmembramento da República Democrática do Congo». Acusa a ONU e a OTAN, ao fomentar uma nova guerra no Congo, de pretenderem «criar nos Grandes Lagos o exemplo que justifica futuros ataques à soberania de cada estado africano, até apagarem o mapa de África desenhado na Conferência de Berlim». E defende que «manter as fronteiras herdadas do colonialismo», ao contrário do que aconteceu recentemente com a divisão do Sudão, «é um compromisso de honra, inviolável e inegociável».
As novas ameaças que pairam sobre a pátria de Patrice Lumumba evidenciam como o imperialismo continua a dividir para dominar. E a utilizar todos os meios, incluindo a guerra, para recolonizar a África – com a conivência de aliados indígenas – e prosseguir a exploração das suas riquezas e dos seus povos.
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avante 20jan2011
Dirigente congolês foi assassinado há 50 anos por agentes do colonialismo e do imperialismo
Patrice Lumumba, um herói africano

Faz agora meio século. Foi a 17 de Janeiro de 1961 que agentes do colonialismo belga e do imperialismo norte-americano, com a conivência de traidores congoleses, assassinaram de forma bárbara Patrice Lumumba, combatente da independência da sua terra e primeiro chefe do governo da República do Congo. Apesar de ter desaparecido há 50 anos, ainda muito jovem, a sua figura emerge hoje como a de um patriota íntegro e corajoso, de um lutador anticolonialista e anti-imperialista. Em África, na Ásia e na América Latina, diferentes gerações de revolucionários admiram-no, a par de Kwame Nkrumah, Amílcar Cabral, Agostinho Neto ou Samora Machel, como um herói da libertação africana cujo legado se mantém actual e inspira novas lutas pela emancipação social dos povos do continente e de todo Mundo.
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http://www.avante.pt/pt/1938/temas/112228/
A biografia de Patrice Lumumba pode ser resumida em poucas linhas. Nasceu em 2 de Julho de 1925, filho de camponeses pobres, na aldeia de Onalua, na província do Kasai, na então colónia do Congo Belga (mais tarde República do Congo, depois Zaire e hoje República Democrática do Congo). Fez os estudos primários numa escola missionária católica – a única possibilidade para muitos jovens africanos da época – e, na juventude, trabalhou como funcionário dos Correios e empregado de algumas companhias belgas.
A partir dos 23 anos participou activamente na vida política da sua terra, então uma possessão belga, desenvolvendo os seus ideais independentistas e sofrendo com isso a repressão dos colonialistas belgas – esteve várias vezes preso. Foi sindicalista, escreveu em jornais como o Uhuru(Liberdade) e Independance e, em 1958, fundou e tornou-se líder do maior partido nacionalista congolês, o Movimento Nacional Congolês (MNC) – o único constituído em bases não tribais.
Em 1958-1959 assistiu, em Accra, capital do recém-independente Gana, de Nkrumah, à primeira conferência pan-africana dos povos – onde foi eleito para o seu secretariado permanente –, e em Ibadan, na Nigéria, a um seminário internacional sobre cultura, onde fez um discurso defendendo a unidade africana e a independência nacional.
No começo de 1960, em Bruxelas, participou na conferência belga-congolesa em que foi acordada, entre os nacionalistas congoleses e a potência colonial, a independência do Congo, imposta pela longa resistência popular e pelas reivindicações das forças nacionalistas.
Nas eleições parlamentares de Maio de 1960, o MNC e partidos que o apoiavam conquistaram a maioria dos votos. A 30 de Junho o Congo tornou-se independente e Patrice Lumumba foi nomeado primeiro-ministro do governo da república. O seu discurso nesse dia permanecerá nos anais da diplomacia mundial como uma peça oratória magnífica, em que o jovem dirigente africano, na presença do rei Balduíno, da Bélgica, e de outros dignitários estrangeiros, denunciou abertamente os crimes hediondos do colonialismo belga sobre o povo congolês e traçou as perspectivas do futuro Congo, liberto das grilhetas da dominação estrangeira.
Em Setembro desse ano Lumumba foi demitido pelo presidente Kasavubu, apoiado pelos Estados Unidos e por militares golpistas comandados por um certo coronel Mobutu. Em Novembro é preso e, a 17 de Janeiro de 1961, depois de meses de detenção ilegal, é barbaramente torturado e assassinado. Não tinha ainda completado 36 anos e idade.
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Historiadores e jornalistas que investigaram as circunstâncias do assassinato de Patrice Lumumba convergem na descrição do que se passou nesse deplorável 17 de Janeiro de 1961.
De manhã, a polícia política mobutista foi buscar Lumumba à prisão de Thysville e meteu-o num avião, com mais dois companheiros, Mpolo e Okito, enviando-os para a capital do Katanga «independente». Durante a viagem para Elizabethville (depois Lubumbashi), os presos sofreram agressões selváticas e, chegados ao aeroporto, foram recebidos por militares secessionistas catangueses e mercenários belgas. Atirados para dentro de um jipe e levados para uma quinta próxima, foram fuzilados nessa noite por um pelotão comandado por um oficial belga. Os seus verdugos fizeram desaparecer os corpos de Lumumba e seus dois companheiros.
Mais tarde, uma comissão das Nações Unidas encarregada de investigar o assassinato do jovem líder congolês responsabilizou pelo crime a administração de Léopoldville chefiada pelo então presidente Kasavubu e onde pontificava já Mobutu; as autoridades do Katanga; responsáveis da empresa belga Union Minière du Haut Katanga; e um grupo de mercenários ao serviço de Tchombé, líder dos secessionistas catangueses.
É conhecido também que uma outra comissão, esta do Senado dos Estados Unidos, que em meados dos anos setenta do século passado investigou as actividades dos serviços de intelligence norte-americanos, descobriu que a CIA organizou em Agosto de 1960 – o Congo era independente há apenas dois meses! – uma conspiração com o «objectivo urgente e prioritário» de assassinar o primeiro-ministro congolês. Para Allen Dulles, o então director dos serviços secretos norte-americanos, Patrice Lumumba era «um perigo grave» que os Estados Unidos tiveram que eliminar.

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O afastamento de Lumumba da chefia do governo, a sua prisão e o seu assassinato foram o resultado conjugado dos interesses do colonialismo belga – que, apesar da independência do Congo, continuou a pretender explorar a seu bel-prazer as riquezas do país – e da intervenção do imperialismo norte-americano, através da CIA – o jovem primeiro-ministro era considerado por Washington um «esquerdista», simpatizante da União Soviética –, coniventes com as Nações Unidas e com sectores da burguesia congolesa que não hesitaram em trair o seu povo e aliar-se à dominação estrangeira.
Um factor decisivo da tragédia congolesa foi a secessão do Katanga, província congolesa rica em minérios, que Moisés Tchombé proclamou independente do Congo, financiado pela companhia Union Minière e com apoio de soldados belgas e de mercenários. O presidente Kasavubu e o primeiro-ministro Lumumba apelaram à intervenção das Nações Unidas, que enviou uma pequena força para o país, sem conseguir evitar a guerra civil, que se prolongou até 1964. No ano seguinte, neste contexto de prolongada conflitualidade, Mobutu assumiu a liderança do país, rebaptizado como Zaire, e implantou uma ditadura sangrenta, reinando despoticamente até 1997, como um fantoche dos Estados Unidos e das potências ocidentais.

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Já preso pela soldadesca golpista e antes de ser entregue aos secessionistas catangueses e mercenários estrangeiros que o haviam de assassinar poucos dias depois, Lumumba escreveu uma carta de despedida a sua mulher Pauline, em que reafirma a sua confiança no futuro. São belas e comoventes, mas cheias de esperança, essas breves palavras, publicadas mais tarde pela revista Jeune Afrique:
«(...) Não estamos sós. A África, a Ásia e os povos livres e libertados de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta senão no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários no nosso país. Aos meus filhos, a quem talvez não verei mais, quero dizer-lhes que o futuro do Congo é belo e que o país espera deles, como eu espero de cada congolês, que cumpram o objectivo sagrado da reconstrução da nossa independência e da nossa soberania, porque sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.
«Nem as brutalidades, nem as sevícias, nem as torturas me obrigaram alguma vez a pedir clemência, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com fé inquebrantável e confiança profunda no destino do meu país, do que viver na submissão e no desprezo pelos princípios sagrados. A História dirá um dia a sua palavra; não a história que é ensinada nas Nações Unidas, em Washington, Paris ou Bruxelas, mas a que será ensinada nos países libertados do colonialismo e dos seus fantoches. A África escreverá a sua própria história e ela será, no «Norte e no Sul do Sahara, uma história de glória e dignidade.
«Não chores por mim, minha companheira, eu sei que o meu país, que sofre tanto, saberá defender a sua independência e a sua liberdade.
«Viva o Congo! Viva a África!».

Para os revolucionários do século XXI em África e em todo o mundo, que hoje continuam a lutar em condições diferenciadas contra a dominação imperialista e a exploração capitalista, Patrice Lumumba continua bem presente com o seu exemplo de patriota e combatente pela liberdade. E são de uma enorme actualidade as ideias que defendeu generosamente e pelas quais deu a vida – a urgência da independência nacional e da genuína soberania para todos os países, a unidade africana, a luta intransigente contra o colonialismo e o neocolonialismo, o combate pela emancipação social dos povos.
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«Avante!» Nº 1487 - 29.Maio.2002 
Congo
200 pessoas massacradas

Pelo menos 200 pessoas morreram num massacre que ocorreu em Kisangani,
no Leste da República Democrática do Congo, informaram domingo porta-vozes
de organizações humanitárias presentes na região.
Segundo as fontes, o massacre foi levado a cabo por milicianos do grupo rebelde que controla a cidade,
a União Congolesa para a Democracia (RCD, apoiada pelo Ruanda), como represália por um motim
organizado por populares contra as acções deste grupo.
De acordo com as organizações humanitárias, os corpos das vítimas, muitas delas decapitadas, foram
enterrados em valas comuns, perto do aeroporto da localidade.
As mesmas fontes indicaram que entre as vítimas contam-se, possivelmente, os 50 polícias que estavam
 a ser instruídos pela ONU e cujo paradeiro se desconhece desde que ocorreu o motim, um protesto pelos problemas causados à população pelas tropas ruandesas que apoiam a RCD.
Depois do desaparecimento deste grupo de polícias, as Nações Unidas anunciaram o envio a Kisangani
de uma comissão de inquérito com o objectivo de esclarecer o que realmente aconteceu.
A ONU mantém desde o final do ano passado um contingente de paz na RDCongo, para supervisionar o cumprimento do acordo de cessar- fogo, assinado em Julho e Agosto de 1999, em Lusaca, entre as forças governamentais e os rebeldes com o objectivo de acabar com a guerra civil de dois anos e meio mas que
 só há poucos meses entrou em vigor.
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«Avante!» Nº 1429 - 19.Abril.2001 
Missão das Nações Unidas
na República Democrática do Congo
posta em causa por movimentos rebeldes
Tensão no Congo
volta a subir
Rebeldes congoleses impediram domingo a aterragem, em Kisangani, de um avião com 120 «capacetes azuis». O Conselho de Segurança da ONU foi chamado a intervir.
No domingo, quando já se preparava para aterrar em Kisangani, um avião da ONU com 120 «capacetes azuis» marroquinos a bordo recebeu instruções da torre de controlo para viajar para Bangui, capital da República Centro-Africana. Membros da Missão das Nações Unidas no Congo, citados pela Lusa, confirmaram que outro incidente teve lugar no mesmo dia, quando o próprio comandante das forças da paz da ONU na RDC, general senegalês Mountaga Diallo, teve que regressar inesperadamente a Kinshasa depois dos rebeldes terem proibido a aterragem do seu avião em Kisangani.
O incidente, considerado «um grave precedente», levou o governo da República Democrática do Congo (RDC) a pedir uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para que a organização internacional não «perca a sua credibilidade».
Segundo uma resolução do Conselho, Kisangani - cidade estratégica do leste da RDCongo e a terceira cidade mais importante do país, onde existe um grande aeroporto e minas de diamantes - devia ser desmilitarizada, de forma a evitar a repetição de sangrentos confrontos como os ocorridos em Maio do ano passado entre tropas do Uganda e do Ruanda.
De acordo com a Lusa, a União para a Democracia Congolesa (RDC, apoiada pelo Ruanda) acusa as forças aliadas ao governo de Kinshasa (Angola, Namíbia e Zimbabué) de violarem repetidamente o recente acordo de cessar-fogo ao efectuar ataques a localidades sob controlo rebelde. O dirigente da RCD, Adolphe Onusumba, pedira sábado à ONU, «por uma questão de princípio», para condenar os alegados ataques a civis antes de enviar os
«capacetes azuis» para Kisangani. A não ser acatado o seu pedido, avisaram os rebeldes, a chegada dos «capacetes azuis» seria considerada «uma declaração de guerra».
As Nações Unidas têm previsto enviar nos próximos meses para a RDCongo um contingente militar de cerca de 3000 «capacetes azuis», cuja missão é fiscalizar os movimentos dos seis exércitos e os dois maiores grupos rebeldes em guerra no Congo. O conflito, iniciado há cerca de dois anos e meio, já provocou a morte a mais de 1,7 milhões de pessoas e obrigou mais de dois milhões a fugirem dos confrontos.
Pesadelo
Este novo incidente contraria o optimismo expresso recentemente pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Após um encontro com o presidente da RDC, Joseph Kabila, em final de Março, quando este discursou na comissão de direitos humanos da ONU, Annan declarou-se entusiasmado com os sinais da implementação do acordo de paz. «Estou entusiasmado com os sinais de que as partes estão determinadas a implementar o acordo de Lusaka. Os sinais são positivos, mas precisamos fazer progressos políticos e militares», afirmou Annan.
«Além dos esforços internacionais promovidos pela ONU, Kabila quer tentar uma negociação bilateral com o Uganda, Ruanda e Burundi. Espero que os outros líderes aceitem», acrescentou.
Na sua intervenção na ONU, Kabila definiu a situação que se vive no país como «um pesadelo», e assacou responsabilidades aos soldados de Ruanda, Uganda e Burundi.
«Há muitos actos de selvajaria e barbárie, como assassinatos de civis e de prisioneiros, expulsão de povos, ataques físicos, estupros, disseminação deliberada da Sida, roubo dos recursos naturais e destruição do meio ambiente», afirmou Kabila.
«Esta guerra de agressões tornou-se um pesadelo para o povo congolês. Esta situação de desrespeito aos direitos humanos só pode acabar com a total e definitiva retirada das tropas agressoras», acrescentou o presidente congolês.
A avaliar pelo desenrolar dos acontecimentos, o pesadelo está ainda longe de chegar ao fim.
Um país a saque
Os recursos naturais da República Democrática do Congo estão a ser saqueados «em grande escala» pelas tropas do Ruanda, Uganda e Burundi, revela um relatório elaborado por especialistas a pedido do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O documento, que descreve a invasão como um «negócio muito lucrativo», menciona a participação de militares e civis, recomenda sanções contra os países e indivíduos envolvidos, e medidas preventivas e de reparação para as vítimas.
«A exploração ilegal dos recursos minerais e florestais da RDCongo está a ocorrer a um ritmo alarmante», refere o relatório, sublinhando que o Burundi, o Ruanda e o Uganda se tornaram exportadores de minerais que não produzem, nomeadamente ouro, diamantes, cobalto e estanho.
Safiatou Ba-N’Daw, presidente da comissão que elaborou o estudo, afirmou esta semana em conferência de imprensa que os peritos «ficaram surpreendidos pelo que descobriram,
pela escala do saque e a velocidade a que está a ocorrer». O relatório descreve cartéis do crime organizado internacional e complexas redes de tráfico para a canalização dos recursos extraídos e como os cidadãos congoleses são privados dos benefícios dessas riquezas.
«O único perdedor é o povo congolês», acrescentou Ba-N’Daw.
O Conselho de Segurança analisará amanhã as conclusões dos especialistas, esperando-se que aprove sanções contra os rebeldes da República Democrática do Congo (RDCongo) e os Estados estrangeiros que os apoiam, para impedir o roubo de recursos naturais do país.
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«Avante!» Nº 1290 - 20.Agosto.1998 

Conspiração contra a RD do Congo?
Por Albano Nunes
Membro do Secretariado do CC do PCP

Escrever sobre a actual conjuntura na República Democrática do Congo, o ex-Zaire de Mobutu, 
encerra sérios riscos de desacerto. A situação, complexa e contraditória, é particularmente confusa 
tanto no terreno político como militar. São bem mais as perguntas que as respostas. Mas a importância do 
que está em jogo não deixa alternativa.
Que precipitou os acontecimentos? Uma corajosa afirmação de soberania como afirma o governo ou o nepotismo e tribalismo de que Kabila é acusado? Há forças do Ruanda e do Uganda a conduzir a "revolta militar" 
(o que de resto um ministro francês abertamente reconheceu) ou trata-se simplesmente de uma
 bola de neve despoletada pela reacção dos banyamulenge a promessas incumpridas e injustas 
perseguições? Gerou-se de facto uma situação insegurança e de perigo generalizado para os 
estrangeiros residentes na RDC ou trata-se essencialmente de uma clássica operação alarmista 
que visa encorajar os revoltosos e provocar a desejada debandada do novissimo exército 
democrático e a desagregação do actual poder? Kabila fugiu? Prepara a independência do
 Katanga qual vulgar Tchombé dos anos 60? Negoceia secretamente com os revoltosos? Ou 
desmultiplica-se no plano diplomático (vidé visita a Cuba, participação na cimeira de Victoria Falls
 da iniciativa de Robert Mugabe, reunião de 16 de Agosto em Luanda dos chefes de Estado de
 Angola, Namíbia e RDCongo...) para encontrar soluções que não sejam aquilo que alguns chamam
 " o derrube do herdeiro de Mobutu"? Que rosto têm os opositores, que objectivos, que programa?
Muitas outras perguntas e questões poderiam colocar-se às quais só o tempo dará resposta. Entretanto,
 considerando as lições da história, é inteiramente legítimo perguntar se, independentemente de erros
 colectivos e individuais a justificar justo descontentamento e reprovação, não estaremos perante 
uma autêntica conspiração contra a RDP.
Quando em 19 de Maio de 1997 as forças da "Aliança das Forças Democráticas para a Libertação do
 Congo - Zaire " entraram em Kinshasa e vibraram o golpe de misericórdia na ditadura de Mobutu Sese 
Seko, assistiu-se às mais surpreendentes e descompostas análises por parte dos escribas do "pensamento
 único" ao serviço da "nova ordem" imperialista. Estruturalmente incapazes de discernir o amplo leque de
 contradições em jogo, e temerosos do contágio do " fenómeno congolês" empenharam-se em minimizar
 e iludir as causas profundas que tornaram possível o avanço imparável e o entusiástico apoio popular
 às forças conduzidas por Laurent -Desiré Kabila. Foi então avançada a tese de que tudo aconteceu
 porque (pelo menos a partir de certa altura) os EUA deixaram e quiseram. E reduzindo a uma caricatura
 aquilo que é evidente realidade - as rivalidades e contradições inter-imperialistas e a luta crescente por 
esferas de domínio e influência - apresentaram a derrota do "leopardo" , esse guardião avançado dos 
interesses da "civilização Ocidental" em África, como simples resultado de um jogo de xadrez em que, 
deslocando algumas pedras bem colocadas na região, e em primeiro lugar o Uganda, os EUA deram um
 xeque-mate à França (e à União Europeia). Laurent Kabila foi mesmo reduzido em muitos escritos á condição
 de um vicioso "homem de palha" dos americanos. Tudo muito "superestrutural", muito distante da 
contraditória e dinâmica realidade socio-económica. Tudo muito personalizado em "heróis " e "homens
 de palha", quase nada quanto ao decisivo papel dos grandes grupos humanos, das classes sociais, 
das massas populares. Tudo fatal como o destino : só se move o que as classes dominantes permitem que 
se mova e que os EUA queiram que se mova. Guerra aberta à perigosa ilusão de que a luta 
progressista e revolucionária alcancará resultados e que, tarde ou cedo, a "vitória é certa". Sim, que
 acontecerá à "nova ordem", à globalização neoliberal imperialista, se as massas - hoje no Congo, 
amanhã na Indonésia ou Birmãnia e depois na Nigéria, no Brasil ou qualquer outro país- se convencerem 
que podem decidir o seu próprio destino?
Nesta versão da "vitória americana" no Congo Kinshasa não haveria algum grão de verdade? Não 
seremos nós a dizer que não. De qualquer modo o que seguramente havia era a intenção dos EUA e 
seus aliados na região, de influenciar, controlar e recuperar o processo de transformação pós-mobutista.
 No quadro então existente - de profunda crise económica e financeira, de desastre e desespero social,
 de inaudita corrupção e caos nas estruturas administrativas do país, de evidentes debilidades políticas 
e organizativas das forças que conquistaram o poder - as esperanças de "mudar de cavalo" não eram 
desprovidas de fundamento. Sobretudo se não se deixasse estabilizar o novo poder no plano interno 
e se impedisse, no plano externo, a reconstrução das relações económicas, políticas e diplomáticas
 congolesas. Contudo, as últimas notícias parecem indicar que o imperialismo, e em particular os EUA, 
não tendo alcançado os resultados pretendidos, decidiram intervir em força na desestabilização e no 
derrube do poder actual em Kinshasa. É aliás curioso observar que os fios da conspiração - é ver a
 imprensa mais recente, nomeadamente o "Liberation" francês ou o "Economist" - passam por 
Paris, Bruxelas, Washington , assim como pelo Ruanda e o Uganda de Yori Museweni, aparentemente 
o principal aliado operacional norte-americano nos Grandes Lagos. Num compromisso franco - norte 
americano que envolve também os destroços do mobutismo, tanto no plano político (integração 
na coligação de oposição recentemente criada em Paris) como no terreno militar com antigos contingentes 
das Forças Armadas Zairenses a incorporarem-se na ofensiva. De notar ainda a deslocação de navios 
de guerra dos EUA para a região com o pretexto de evacuação de cidadãos norte - americanos, num
 gravíssimo precedente.
O que se passa na RD do Congo é inseparável do agravamento da situação em Angola provocada
 pela acção criminosa da UNITA e noutros países do continente, incluindo a Guiné-Bissau. 
A África está em convulsão, da Argélia á África do Sul , sem esquecer a situação na Nigéria 
gigante (aspirando á posição de gendarme africano do imperialismo) ou os inesperados 
atentados terroristas no Quénia e na Tanzânia em Embaixadas norte - americanas. Durante
 muitos anos falou-se do "continente esquecido" e do "desinteresse dos EUA" pelo continente. 
Aí temos hoje o real significado de tais apreciações: " Esquecido" para que nos esquecêssemos 
nós dele, ele que havia sido a dado momento considerado o campo principal de " confronto
 Leste - Oeste" . "Desinteresse dos EUA" para que o "seu regresso a África " fosse saudado 
como uma boa coisa e não como aquilo que realmente é: expressão da natureza exploradora,
 opressora e agressiva do imperialismo, e da sua pretensão em abocanhar as imensas riquezas
 do Congo e da África Austral.

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PATRICE LUMUMBA
Nasceu a 2jul1925
e assassinaram-no a 17jan1961
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independentista e revolucionário africano

http://pcb.org.br/portal2/8886
Líder negro Patrice Lumumba, responsável pela independência do Congo, nasceu em 2 de julho 1925 e foi assassinado a mando do imperialismo.
República do Congo – – “Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após dia simplesmente porque somos negros”
Patrice Émery Lumumba nasceu em 02 de julho de 1925 e foi assassinado pelo imperialismo em 1961, em 17 de janeiro. Lumumba é considerado um dos maiores expoentes africanos na luta pela independência de seu país, o Congo, e teve sob sua liderança milhares de operários e camponeses no processo de libertação do país do colonialismo belga.
Lumumba, quando preso, teve seu primeiro contato com movimentos pela independência que culminariam na formação do Movimento Nacional Congolês (MNC) em 1958, primeiro partido político nacional pela independência, que dois anos mais tarde levaria seu líder fundador ao poder.
Obviamente, todos os processos políticos no mundo, inclusive na África, são vigiados atentamente pelas forças de repressão dos Estados Unidos, como pode ser visto na totalidade das ditaduras na América Latina, todas planejadas sob a batuta do governo americano.
Lumumba logo se constituiu um alvo da repressão imperialista, isso em virtude da forte pressão revolucionária que existia no país, o que forçou o rei belga, Balduino I ir pessoalmente a Leopoldville proclamar a independência do Congo, reconhecida oficialmente em 30 de junho de 1960.
A pressão pela independência do Congo partiu também da própria burguesia do país, que se viu pressionada pelo imperialismo mundial e buscou se libertar. Trata-se de um processo comum nas independências dos países africanos e dos países menos desenvolvidos, considerados historicamente como resultado do chamado nacionalismo burguês.
“Durante os 80 anos de governo colonial sofremos tanto que ainda não podemos afastar as feridas da memória. Nos obrigaram a trabalhar como escravos por salários que nem sequer nos permitem comer o suficiente para espantar a fome, ou se vestir, ou encontrar moradia, ou criar nossos filhos como seres queridos que são. Temos sofrido ironias, insultos e golpes dia após dia simplesmente porque somos negros. As leis de um sistema judicial que só reconhece a lei do mais forte nos tiraram as terras. Não há igualdade; as leis são brandas com os brancos mas cruéis com os negros. Os condenados por opiniões políticas ou crenças religiosas sofreram horrivelmente; exilados em seus próprio país, a vida tem sido pior que a morte. Nas cidades, os brancos puderam ter magníficas casas e os negros capengos barracos; os brancos não nos permitiam entrar no cinema, nos restaurantes ou nas lojas para europeus; fomos obrigados a viajar dentro das cargas ou aos pés dos brancos sentados em cabines de luxo. Quem poderá se esquecer dos massacres de tantos dos nossos irmãos ou das celas em que eram metidos os que não se submetiam à opressão e a exploração? Irmãos, assim tem sido a nossa vida”, disse Lumumba em seu discurso de posse como primeiro-ministro.
Quer dizer, mesmo após a independência formal do país, quem ainda mandava era o imperialismo: os militares belgas continuavam controlando o exército e a polícia, as empresas estrangeiras continuavam a controlar as minas e a CIA atuava conjuntamente com a inteligência belga para manter o país sob seu controle. Daí em diante, no país seguiu-se golpes atrás de golpes.
Executado pelo imperialismo
Lumumba foi assassinado sob ordens expressas da CIA e do presidente norte-americano Dwight Eisenhower em uma operação conjunta com a Bélgica. Documentos revelados em 2013 mostraram a ação.
Posteriormente, a Comissão Church, presidida pelo senador Frank Church, revelou que Foster Dulles, na época diretor da CIA, entrou em contato com seus agentes instalados em Leopoldville e ordenou a “remoção” de Patrice Lumumba do poder.
As investigações desta comissão provaram que em menos de dois meses após a independência do Congo, Eisenhower assinou em uma reunião secreta na Casa Branca uma ordem para assassiná-lo. Um dos agentes encarregados foi Frank Carlucci, futuro secretário de Defesa no governo de Ronald Reagan.
Para apagar provas e ocultar o envolvimento da CIA, o corpo de Lumumba foi desenterrado e dissolvido com ácido.
Fizeram essas atrocidades por considerar Lumumba, um dos líderes negros na história mundial, uma pessoa de última categoria, a quem se pode cometer qualquer barbaridade.
As ações imperialistas na África mostram que os conflitos que lá existem não são frutos de um continente “amaldiçoado”, ou “barbarizado”, mas de um continente sob o completo domínio do imperialismo, que tira e coloca governos ao sabor de seus interesses.
A independência do Congo do imperialismo belga foi a expressão de uma situação revolucionária em todo o mundo com os movimentos de libertação nacional e a desintegração do regime colonialista na Ásia e na África após a Segunda Guerra Mundial, processo que continua até os dias de hoje.
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