18/07/2016

3.345.(18jul2016.7.7') Guerra Civil Espanhola...Guernica...

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1abril1939...Terminou a Guerra Cilvil
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2019
 Oitenta anos depois do fim da guerra, ainda há mais de 100.000 desaparecidos. Mortos enterrados em valas comuns por todo o país, cujas famílias lutam, há anos, pelo direito a uma sepultura digna. A lei de memória histórica, implementada em 2007 e que condenava pela primeira vez o franquismo de maneira explícita, foi um passo de gigante mas ficou aquém daquilo que as vítimas precisavam.
 
Em plena Gran Vía, uma das avenidas mais concorridas do centro de Madrid, o edifício Telefónica guarda ainda as marcas da Guerra Civil. Foi o primeiro arranha-céus de Madrid e um dos mais bombardeados durante o conflito. Se olharmos com atenção para a parte baixa do edifício, ainda se veem as marcas dos impactos.
É uma história desconhecida para a maioria dos madrilenos e que Luis de Sobrón y Enrique Bordes, arquitetos e professores universitários, quiseram tirar do baú nos 80 anos do fim da guerra. Desenharam então o primeiro mapa deste Madrid bombardeado para mostrar uma cidade cheia de cicatrizes.
"Era uma página da história de Madrid por escrever. Ao bando vencedor não lhe convinha fazer propaganda da destruição da cidade, preferiam ter Madrid como a cidade da vitória e, depois do final da guerra e já na ditadura, estes acontecimentos foram silenciados dentro de uma lógica de repressão", conta Luis de Sobrón.
Madrid foi uma das cidades mais sacrificadas por dois tipos de bombardeamentos. Uns que respondiam a uma estratégia militar, devido à proximidade de algumas zonas da cidade com o frente da guerra, e outros que se destinavam a "amedrontar a população, para a desmoralizar".
No caso do edifício Telefónica, além de "ser o mais alto e portanto um alvo fácil, tratava-se de um observatório militar e o centro de telecomunicações da cidade, o que fazia dele um objetivo importante".
https://www.tsf.pt/internacional/interior/a-guerra-civil-espanhola-uma-ferida-sem-cicatrizar-80-anos-depois-10747534.html?fbclid=IwAR2xSOLsa2tB-pP7aFqyd7JOGqXSEEBRoH4I5IFktmmljnCanO4zD8awUuk
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30aGOSTO
hj é dia das pessoas DESAPARECIDAS da guerra civil espanhola (cem mil!!! franquismo ainda não foi julgado!!!)...mas como sabemos há tanta morte estranha e como vamos sabendo, os senhores da guerra não têm escrúpulos para avançar com os seus lucros...a luta continua...

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18jul2016...80 anos depois
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Via Vitor Dias

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Quanto a mim, entre tantos outros, há um dado maior que basta para ilustrar o levantamento militar franquista como uma cruzada de extermínio e "purificação": 
o facto de, já depois da sua vitória militar em Abril de 1939, o franquismo ter executado cerca de 200.000 
republicanos.
Na sua obra «Autobiografia do General Franco», o escritor Vasquez Montalban declarava recusar-me terminantemente a baixar esse número.
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Os ditadores Salazar e Franco
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O AVANTE! E A GUERRA DE ESPANHA (1.ª parte)
No próximo dia 18 de Julho assinala-se o 80.º aniversário do início da guerra de Espanha, consequência da sublevação dos generais fascistas contra a República, o governo da Frente Popular e as profundas conquistas democráticas e progressistas que atingiram interesses e privilégios das classes dominantes espanholas, incluindo a Igreja Católica.
Uma guerra que durante três anos (1936-1939) devastou a Espanha, causou centenas de milhares de mortos e de refugiados, que conheceu inauditos crimes fascistas que assumiram o carácter de genocídio.
Uma guerra em que a luta heróica do povo espanhol e a solidariedade internacionalista que se desenvolveu em todo o mundo não foram suficientes para fazer frente à agressão imperialista e colonialista da Alemanha, Itália e Portugal, que acorreram em apoio da sublevação fascista, a que se juntou a Inglaterra, a França, os Estados Unidos e o Vaticano, de forma indirecta umas vezes e de forma directa outras vezes.
A derrota da República espanhola teve trágicas consequências não só para o povo espanhol, mas igualmente para os povos do mundo e naturalmente para o povo português: reforço do nazi-fascismo, crescentes limitações às liberdades, prisões e campos de concentração, centenas de milhares de refugiados, entrada acelerada na preparação de numa nova guerra mundial e a histeria anticomunista, como plataforma político-ideológica da guerra contra a URSS e à luta libertadora dos trabalhadores e dos povos.
Evocar a guerra de Espanha, não deixar esquecer as suas causas, consequências e responsáveis, é lutar pela preservação da memória histórica, não para a sua sacralização mas como fonte de ensinamentos para afrontar os problemas do presente e do futuro, ainda que o problema que hoje verdadeiramente se coloca seja o da luta pela recuperação da memória histórica, cada vez mais sujeita a intensas e insidiosas campanhas de revisionismo histórico.
Num quadro em que de novo cresce a ameaça fascista, o capitalismo se encontra mergulhado numa profunda crise, se limitam cada vez mais as liberdades democráticas, se reforçam os aparelhos repressivos, se multiplicam as guerras de agressão imperialista, se procede a uma corrida armamentista sem precedentes e o anticomunismo se torna na plataforma política-ideológica das forças da reacção, do grande capital e da social-democracia, contra o movimento dos trabalhadores e de libertação, devemos ter presente o que a história nos ensina: que crises agudas do capitalismo e fascismo se alimentam como irmãos siameses.
A teoria de que com a vitória da Frente Popular – uma coligação de forças políticas muito diversas apelidada pela reacção de «vermelha» – se estava perante a ameaça de surgir «uma Península Ibérica soviética dominada por Moscovo», não tinha qualquer fundamento, a não ser servir de véu para justificar a agressão contra a República e que Salazar usou abundantemente para justificar a pronta e depois reiterada intervenção em Espanha a favor da sublevação fascista.
«Na Declaração de Portugal às outras nações sobre a questão espanhola», a propósito da decisão (Maio de 1938) de reconhecer o governo de Franco, decisão ditada, dizia-se, pelo facto de o governo de Franco ser o único legítimo e «que já fez imperar sobre a maior extensão de Hespanha uma ordem honesta e humana» e também por razões de humanidade pois Portugal não podia pactuar com as «violências e infâmias de toda a ordem praticadas pelas hordas armadas comunistas». E, ainda, porque «A constituição de um bloco soviético, o desaparecimento do nome livre de Portugal está na doutrina e no Programa do comunismo».
E no entanto as preocupações com a evolução da Espanha, por parte das forças fascistas, dos centros do grande capital e do Vaticano, começaram muito antes da vitória da Frente Popular. Começaram com a implantação da República (Abril de 1931) e as transformações democráticas que se lhe seguiram, e, numa altura em que a Espanha era governada pela burguesia liberal democrática, o PCE tinha fraca expressão eleitoral e a Espanha nem sequer estabelecera relações diplomáticas com a URSS.
Numa conversa realizada no Vaticano (Dezembro de 1932) entre o secretário da legação portuguesa e o Papa Pio XI, este torna claro que via a Espanha como uma testa-de-ponte de Moscovo e que, por via disso, Portugal corria sérios riscos, pois tinha informações muito seguras «de que a propaganda bolchevista em Espanha (...) é paga e provém directamente de Moscovo». A conversa não termina sem que o Papa recomende que os seus avisos quanto aos perigos que Portugal corria fossem tomados em devida conta, aproveitando para desejar «os melhores votos pela prosperidade da nossa Pátria e do governo que a Providência escolheu para sua salvação.»
O PCP teve o mérito de, ainda muito antes da sublevação dos generais fascistas, ter denunciado na sua intervenção no XII Plenário da Internacional Comunista (1932) e nas páginas do Avante! estar em preparação uma agressão imperialista contra a República espanhola, tendo por centro a Inglaterra, a França e Portugal. No caso da Inglaterra e da França, para salvar os fortes interesses económicos que tinham em Espanha, no caso de Portugal, por razões de defesa do regime fascista.
E o facto de na agressão à Espanha, a Alemanha e a Itália, como países imperialistas, terem assumido papel preponderante não alterou a justeza das análises do PCP, que, fundamentadas num já profundo conhecimento da natureza do fascismo e dos processos de desenvolvimento mundial, repetidamente nas páginas do Avante! alertava para a necessidade de se considerar a situação em Espanha, como parte integrante de um problema mais geral: a preparação de uma nova guerra como saída para a crise do capitalismo.
A guerra de Espanha não foi, pois, um acidente de percurso. O avanço do fascismo no mundo, a sua ascensão ao poder de Estado em numerosos países, e em particular na Alemanha, com a subida de Hitler ao poder em 1933, o aumento dos perigos de uma nova guerra mundial despertou nas massas e em largos sectores progressistas a compreensão da natureza do fascismo e dos perigos que representava para os trabalhadores e os povos, compreensão que se transformou em unidade antifascista e em acção, cujos resultados mais significativos foram as vitórias das Frentes Populares em Espanha (Fevereiro de 1936) e em França (Abril de 1936) e consequentes derrotas das forças fascistas.
O AVANTE! E A GUERRA DE ESPANHA (2.ª parte)
A Espanha popular tornou-se, por factores vários, campo do grande confronto entre as forças da paz e da guerra, entre as forças do fascismo e do antifascismo internacional, entre o socialismo e o capitalismo.
Portugal fascista, que tinha funcionado como centro da conspiração contra a República espanhola, apoiou activamente desde os primeiros momentos a sublevação dos generais fascistas, apoio que se tornou decisivo para que a sublevação não tivesse sido esmagada logo no início. Apoio que se vai manter intensamente durante toda a guerra no plano militar, económico, diplomático e não pouco importante no plano da propaganda, quer no plano externo, quer no plano interno a favor da «causa nacionalista espanhola», utilizando meios diversos, com destaque para Rádio Clube Português.
Uma das inovações introduzidas pela guerra de Espanha, para além da cruzada em defesa da civilização cristã ter contado com a fortíssima intervenção de tropas islâmicas, a introdução de novas armas bélicas e novas tácticas militares, nas quais se inclui os bombardeamentos aéreos da população civil, foi a utilização da propaganda, em dimensões e meios de difusão – jornais, rádio, cinema, cartazes, folhetos, livros, fotografia, comícios – sem precedentes.
O salazarismo usou e abusou do recurso aos meios de propaganda, sobretudo a partir do triunfo da Frente Popular e do eclodir da guerra de Espanha.
O aparelho repressivo, nas suas múltiplas expressões, constituía o pilar central do sistema de segurança da ditadura fascista. Mas o domínio dos meios de difusão das ideias e da elaboração das próprias ideias, era igualmente considerado um importante pilar desse sistema.
Se havia alguém que tinha ideias muito definidas sobre a importância da luta ideológica, da criação de uma base social de apoio para a sobrevivência de qualquer regime, era Salazar.
As suas preocupações com o domínio da comunicação social manifestaram-se praticamente desde a ascensão ao poder. A Constituição de 1933 estabelecia a necessidade de controlar a liberdade de expressão – certamente escrito pelo punho de Salazar – a fim de «impedir preventivamente ou repressivamente a perversão da opinião pública da sua função social e salvaguardar a integridade moral dos cidadãos».
A ideia de salvação da mente das massas das ideias consideradas perniciosas, vai ser uma questão recorrente no regime fascista.
É igualmente de Salazar a afirmação de que o jornal ao ser «o alimento espiritual do povo deve ser fiscalizado como todo o alimento», tornando necessário criar uma espécie de ASAE para a fiscalização dos «alimentos espirituais»: a censura, a qual se tornará omnipotente na sua função não só de impedir a difusão de tudo o que não fosse conforme à ideologia fascista, mas também com a função de assegurar o carácter inquestionável da política fascista.
A propaganda do regime assentava numa extensa rede de meios de difusão como jornais, revistas, cinema, cartazes, folhetos, exposições, comícios, etc., propaganda fortemente centralizada e unificada quanto aos seus conteúdos pelo Secretariado de Propaganda Nacional, criado em 1931. O SPN, dispondo de um orçamento colossal – mais de 1 milhão de euros (valores actuais) –, além de produção de propaganda própria, «encharcava» a vasta rede de meios de comunicação por si produzida e de meter na ordem os pouco colaborantes.
Durante a guerra de Espanha a propaganda subiu exponencialmente, tendo como missão defender a acção dos franquistas – sempre considerados patriotas, humanistas, bons filhos de Deus e da Igreja Católica –, e encobrir ou desmentir o cometimento de crimes pelos «nacionalistas». Uma propaganda que contrapunha, sistematicamente, o caos em que os comunistas mergulharam a Espanha, ao paraíso que era Portugal devido a Providência ter presenteado o país com Salazar.
Uma propaganda de intensa carga ideológica na difusão dos princípios basilares do fascismo, de exaltação do chefe (da autoridade), e, simultaneamente, marcada por um anticomunismo primário que, pelos conteúdos e formas de expressão, assumia o carácter de autêntico terrorismo espiritual dirigido à população em geral e mesmo às hostes fascistas.
Num documento elaborado pela Comissão Executiva da União Nacional, designado «Plano de Propaganda e Combate às ideias comunistas» e dirigido aos presidentes da comissões distritais da União Nacional (Abril de 1936), para além das referências aos perigos que corre a «Revolução Nacional» pela «excitação produzida pelos acontecimentos internacionais» e a necessidade de respostas enérgicas em matéria de propaganda anticomunista, a ser dirigida prioritariamente a sectores não afectos ao regime e em particular operários, avisa-se que os perigos devem ser tomados a sério, pois: «não deve haver ilusões. Está em jogo o futuro da Revolução Nacional, o próprio futuro de V. Ex.ª e de todos os seus».
Só a enumeração das caracterizações do comunismo e do que classificavam ser os seus hediondos crimes, projectos e práticas, dos ataques à pátria, à propriedade, à família, à religião, etc., encheriam numerosas páginas.
Os comunistas por negarem o conceito de pátria, por estarem ao serviço de uma potência estrangeira, deixavam de ser portugueses (na melhor das hipóteses não eram bons portugueses) pelo que deveriam ser considerados como inimigos que era preciso combater como qualquer invasor. E deveriam igualmente ser combatidos por serem inimigos de Deus e da Igreja. Um combate que assumia o carácter de cruzada porquanto a guerra que se travava era entre os «sem Deus» e «a cidade celeste dos filhos de Deus». (continua)
Por Domingos Abrantes, O Militante!
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GUERNICA de Picasso

Análise da obra:"Guernica", de Pablo Picasso


A encomenda desta obra foi feita a Pablo Picasso em janeiro de 1937 pelo governo republicano oficial que pretendia uma pintura que pudesse figurar no pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris desse ano e que, como tal, tivesse grandes dimensões e impacto estético. Embora num primeiro momento Picasso tivesse pensado em abordar o tema da própria criação e do processo individual que conduz à criação estética, após o bombardeamento de Guernica, decidiu-se por um tema mais universalista e de vocação social ou humanitária. Desta forma, o painel elaborado foi inspirado no terrível bombardeamento desta vila basca, perpetrado em 26 de abril de 1937 pela força aérea alemã (constituída pelos Heinkel 51 e Junker 52 da famosa legião Condor), ação que, embora quase irrelevante de um ponto de vista estratégico, levou à destruição completa da aldeia e à morte de muitos dos seus habitantes, tendo constituído um teste para as operações de guerra total e bombardeamento de saturação levadas a cabo pelos alemães, em larga escala, a partir de 1939.Pablo Picasso, cidadão de um país que se manteve afastado na Primeira Guerra Mundial, raramente se mostrara interessado pela situação política e pelos problemas sociais que marcaram a década de 20 na Europa. No entanto, Picasso não podia permanecer indiferente ao clima de instabilidade e à brutalidade trazidas pela Guerra Civil de Espanha. Desenvolvendo franca simpatia pela causa dos republicanos, as produções artísticas deste período vão refletir a conjuntura social, abandonando preocupações individuais de sentido estético ou linguístico ligadas ao ambiente asséptico e experimental do atelier. Data precisamente desta altura uma das suas telas mais famosas e um dos paradigmas da pintura de todos os tempos, feérica e brutal representação de um dos mais constantes e cíclicos dramas humanos: a guerra brutal, a violência gratuita e a destruição irracional. No entanto, deve-se entender o quadro Guernica como algo que transcende a mera crítica momentânea procurando traduzir o intemporal lado destrutivo da natureza humana, evocando, através de fortes imagens, o sofrimento associado à guerra.
Guernica foi pintada com grande intensidade emotiva, como o denunciam os inúmeros esquissos preparatórios (Picasso realizou cerca de seis dezenas de estudos para as figuras que surgem na tela, muitas delas com intenso cromatismo, embora no final tenha enveredado por uma composição monocromática à base de brancos, cinzentos e pretos. É clara a filiação cubista da linguagem desta pintura pelas distorções e metamorfoses aleatórias e violentas das figuras, soluções que Picasso vinha desenvolvendo nos seus trabalhos mais recentes como a água-forte Minotauromaquia de 1935.
A estrutura da composição baseia-se num triângulo onde se inscrevem as oito figuras que criam a ação: no centro, um cavalo mortalmente ferido com o pescoço tenso pela dor e por baixo dele o cavaleiro destruído pelas bombas. Ao lado, uma mulher volta-se em direção ao cavalo enquanto uma outra, com o braço estendido, sustenta uma candeia que ilumina a macabra cena, simbolizando as próprias explosões; do lado direito uma figura feminina grita e uma outra que, prostrada, segura o filho morto nos braços, constituiu uma revisitação do tema da Pietá. Dominando o conjunto, um touro orgulhoso que se pode entender como símbolo do país ou então como representante das forças do mal. Várias são as referências simbólicas aqui presentes, desde a já referida Pietá, a influência da estátua da liberdade no desenho da mulher que segura a candeia ou o braço cortado cuja mão agarra uma espada, símbolo da resistência política.
Imediatamente após a sua divulgação, Guernica tornou-se uma presença forte na consciência social e artística do século. Este painel foi proibido pelo governo franquista e tornou-se emblemático de um período de forte censura política. Permanecendo em Nova Iorque durante mais de 40 anos, foi levado para Madrid, para o Museu de Prado, de acordo com a vontade de Picasso, em 1981.
O quadro foi executado a óleo sobre tela e tem as seguintes dimensões: 349,3x776,6 cm. Encontra-se exposto no Centro de Arte Moderna Reina Sofía, em Madrid.

Guernica (pintura). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012






 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/10/analise-da-obraguernica-de-pablo-picasso.html?spref=fb&fbclid=IwAR1iU6p5XYd9Q2pP99u4uoITIgC0Rf_uOqYcTf-SL6t4eoXQ1LfDBDd9yAU
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12 de Julho de 1937: A obra "Guernica", de Pablo Picasso é apresentada ao público na Exposição Internacional de Paris.

No dia 12 de Julho de 1937 foi exposta ao público a obra "Guernica", na qual Picasso retratou o bombardeio da cidade basca pelos nazis em Abril daquele ano: um massacre que resultou em centenas de mortos.

A cidade de Guernica, com os seus 5 mil habitantes, foi completamente destruída pelos 250 quilos de explosivos e bombas incendiárias lançados pela Legião Condor dos nazis naquele fatídico 26 de Abril de 1937. A Espanha estava em guerra civil havia mais de dois anos. Os fascistas, seguidores do mais tarde ditador Franco, lutavam contra o governo republicano.
Enquanto os republicanos esperavam em vão a ajuda da Inglaterra e da França, Franco tinha na Alemanha e na Itália fortes aliados. Embora os alemães negassem a sua participação nos bombardeios, alegando tratar-se de "antipropaganda da imprensa judaica", testemunhas haviam identificado os símbolos nazis pintados nos aviões.
A cidade basca era um espinho aos olhos do general Franco, desde o início da guerra civil. Como Hitler era seu aliado e desejava testar a capacidade da sua Força Aérea, o alvo escolhido foi Guernica.
O horror do ataque foi fixado em óleo sobre tela pelo pintor espanhol Pablo Picasso no famoso quadro de mais de três metros de altura por sete de largura chamado Guernica. Ele foi a expressão máxima não só do sofrimento espanhol como do impacto devastador dos armamentos modernos de guerra sobre as suas vítimas em todas as partes do mundo. E a desgraça provocada pelo ataque a toda uma população civil.
"A civilização foi assassinada em Guernica", protestou o artista, que vivia no exílio em França. Sob encomenda do governo republicano de Madrid, Picasso pintou o seu protesto contra a guerra em apenas dois meses, chocado e ao mesmo tempo inspirado pelas testemunhas oculares que lhe narravam como presenciaram os bombardeios. No dia 12 de Julho de 1937, Guernica foi apresentada no pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris.
Jamais na história uma obra de arte havia retratado a guerra de forma tão exemplar. Picasso desistiu de forma consciente do uso de símbolos políticos, mesmo assim a enorme tela conseguiu transmitir a angústia da população e o poder de destruição da força militar.
Ao visitar a exposição, um oficial da SS teria perguntado a Picasso: " Foi você que fez isto?", ao que o génio da pintura respondeu: "Não, foram vocês!".
O quadro, doado ao povo espanhol pelo pintor, estava num anexo do Museu do Prado e agora encontra-se no Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid.

 Fontes: Opera Mundi
 wikipedia (imagens)
 https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=mj14pBzle8s
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/07/12-de-julho-de-1937-obra-guernica-de.html
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 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/07/12-de-julho-de-1937-obra-guernica-de.html?spref=fb&fbclid=IwAR0AVN2j2BD2j1gUDTk3TSWvfwFyvsCwtHJpxzDq_84yBdwo1wc8vXtY99c
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26 de Abril de 1937: Guerra Civil de Espanha. Bombardeamento de Guernica pela força aérea alemã, de Hitler, ao serviço das forças de Francisco Franco.

Guernica, 26 de abril de 1937. É segunda-feira, dia de mercado para os sete mil habitantes da pequena cidade basca. A vida corre com relativa normalidade até que, por volta das 16h30, os sinos da igreja começam a tocar a rebate. Não há tempo para grandes espantos
Cinco minutos depois está um avião a sobrevoar o povoado e a lançar seis bombas explosivas e uma saraivada de granadas. Logo a seguir aparece outro avião. E depois outro. Começava o massacre e um dos episódios mais trágicos da Guerra Civil de Espanha.
No final do ataque aéreo, as esquadras de bombardeiros Heinkel 111 e Junker 52, num total de quarenta aviões, tinham lançado trinta toneladas de bombas e metralhado sem piedade homens, mulheres, crianças e até gado. A cidade estava completamente destruída.

O mistério de Guernica

Há 82 anos começava a ser desenrolada uma história cujos contornos ainda hoje permanecem em parte obscuros. Só nos finais dos anos de 1970, isto é, mais de quarenta anos após os bombardeamentos, começou em Espanha a ser desmontada a versão oficial do franquismo, prontamente seguida pelo Portugal de Salazar, segundo a qual a vila basca não fora bombardeada mas sim incendiada e destruída pelos republicanos rojos em fuga.
Ao longo de décadas foi construída uma complexa teia desculpabilizadora, ao ponto de ainda nestes primeiros anos do século XXI permanecerem em aberto discussões infindáveis sobre se houve ou não bombardeamento, se o número de mortos ficou em pouco mais de cem ou ultrapassou os 1500, se há uma exclusiva responsabilidade dos alemães por uma ação que seria do desconhecimento de Franco, se a povoação era ou não um objetivo militar, se, por ser dia de mercado e estarem a chegar muitos refugiados da frente, estariam ali naquele dia não os habituais 5 a 7 mil habitantes mas perto de 10 mil pessoas, ou, até, porque é que os governos democráticos recuaram quando se tratou de proceder à condenação internacional do bombardeamento de uma cidade aberta.

O ataque da Legião Condor


Não existem hoje dúvidas de que aquelas três horas infernais foram provocadas, no essencial, pela alemã Legião Condor, colocada ao serviço de Franco por Adolfo Hitler, mas subsiste a dúvida sobre os motivos que levaram ao envolvimento germânico nesta operação.
O assunto foi tabu na Alemanha durante décadas e só em 1975 foi oficialmente reconhecido que Guernica tinha sido bombardeada pelos aviões da Legião Condor.
Mais de vinte anos depois, a 27 de março de 1997, o então Presidente da República Federal Alemã, Roman Herzog, foi recebido no Centro "Gernika Gogoratuz" e aí entregou uma declaração formal em que assume aquele passado e reconhece "expressamente a culpa dos aviões alemães".
Perante os sobreviventes da destruição de Guernica, Herzog disse partilhar "o luto pelos mortos e feridos", e ofereceu-lhes, a todos eles, que transportam ainda nas entranhas "as feridas do passado", a mão aberta, suplicando-lhes a reconciliação.

A tese do embuste

Durante anos e anos, a partir de meios franquistas, foi alimentada a tese de que Guernica era um embuste fabricado pelos "vermelhos" e de que a destruição fora provocada por incêndios desencadeados por separatistas.
Historiadores como Herbert Ruitledge Southworth, autor de "La Destruccion de Guernica: periodismo, diplomacia, propaganda e historia", sustentam que "a história da destruição da cidade basca de Guernica é antes de mais um assunto de despachos de imprensa", ao ponto de poder dizer-se que "sem a presença de correspondentes estrangeiros (...) em Bilbau na noite de 26 para 27 de abril de 1937, o acontecimento de Guernica não teria aparecido tal como o conhecemos hoje".
Provavelmente, nem sequer seria conhecido. Na verdade, o conhecimento internacional do bombardeamento de Guernica deve muito a uma sucessão de acasos, o mais importante dos quais terá sido a circunstância de naquela noite estarem em Bilbau quatro jornalistas profissionais, todos eles estrangeiros: George Lowther Steer, do "The Times", Noel Monks, do "The Daily Express", Christopher Holme, da agência Reuters, todos de Londres, e Mathieu Corman, correspondente do "Ce Soir", de Paris.

A importância dos jornais


As primeiras informações sobre os horrores do bombardeamento surgem em Inglaterra na tarde do dia 27, mas é na manhã seguinte que se dá a explosão de indignação quando os respeitados e conservadores "The Times" e "The New York Times" publicam o emocionante relato de George Steer, o mais reproduzido e comentado em quase todo o mundo mas sem qualquer eco em Portugal.
Steer escreve: "Às duas horas da manhã de hoje, quando visitei a cidade, o seu conjunto apresentava uma visão aterradora, ardendo de ponta a ponta. O reflexo das chamas podia ser visto nas nuvens de fumaça acima das montanhas a dez quilómetros de distância. Durante toda a noite caíam casas e as ruas tornavam-se longas pilhas de destroços vermelhos impenetráveis. Muitos dos sobreviventes civis iniciaram a longa caminhada de Guernica a Bilbau em antigas e sólidas carroças bascas puxadas por bois. As carroças, repletas de todo o tipo de utensílios domésticos, obstruiram as estradas durante toda a noite. Outros sobreviventes foram evacuados em camiões do Governo, mas muitos foram forçados a permanecer nas redondezas da cidade incendiada deitados em colchões ou procurando parentes e crianças perdidas, enquanto unidades dos bombeiros e da polícia basca motorizada, sob orientação pessoal do ministro do Interior, senhor Monzon e sua esposa, continuavam o trabalho de resgate até o amanhecer"


Símbolo da Paz

O despacho é longo, mas George Steer, um repórter experimente que seguira já a guerra da Etiópia, tem a percepção imediata da dimensão da catástrofe e escreve: "Pela sua execução e grau de destruição perpetrado, assim como pela eleição do objetivo, o bombardeamento de Guernica não tem exemplo na história militar".

Guernica ficou para sempre como um símbolo da barbárie humana. Imortalizada pelo quadro de Picasso, que como nenhum outro soube simbolizar os horrores da guerra, a cidade é hoje um centro mundial de paz e acolhe todos os anos, a pretexto do aniversário do bombardeamento e destruição de Guernica, colóquios e congressos.
Fonte: Expresso



Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-H25224, Guernica, Ruinen.jpg
Ruínas de Guernica
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/26-de-abril-de-1937-guerra-civil-de.html?spref=fb&fbclid=IwAR2am1a77O-dTU3itDpof81SKP10XX710P4yqdpDGMjIf85eQI21ZbOAQzw
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25out2009

http://www.youtube.com/results?search_query=guernica+3d+portugu%C3%AAs&oq=guernica+&gs_l=youtube-reduced.1.1.35i39l2j0l2.26205.29724.0.31345.11.10.1.0.0.0.190.1333.2j8.10.0...0.0...1ac.1.9bBgbKT2d9o
Guernica
ou o manifesto político de P. Picasso
por Ângela Veríssimo
Um dos quadros que melhor transmite todo o desespero advindo da guerra é o intemporal Guernica de Pablo Picasso, fazendo plena justiça à expressão "uma imagem vale por mil palavras". No início de mais um ano, quase no fim do milénio, aqui neste cantinho do Mundo Ocidental, é tempo de pensar no outro Mundo, cujos povos vivem em palco de guerra, e para os quais nada resta senão esperar por dias de paz.

Picasso não tinha sido muito afectado pela I Guerra Mundial e só com a Guerra Civil Espanhola se interessou por política, tornando-se vivamente solidário com os republicanos. As fotografias que aparecem na imprensa no ínicio de Maio de 1937 relativas ao bombardeamento de Guernica (antiga capital do País Basco) em 36 de Abril tocam-no profundamente. Passado pouco mais de um mês e após 45 estudos preliminares, sai do seu atelier de Paris o painél Guernica (3.50x7.82 m) para ser colocado na frontaria do pavilhão espanhol da Exposição de Paris de 1937 dedicada ao progresso e à paz.
Rapidamente o painél se transforma num objecto de protesto e denúncia contra a violência, a guerra e a barbárie: "O quadro converte-se numa manifestação da cultura na luta política, ou melhor dizendo, no símbolo da cultura que se opõe à violência: Picasso opõe a criação do artista à destruição da guerra"(1).
Donde vem a genial monumentalidade que faz de Guernica uma obra tão singular? Na minha opinião, o seu poder advém da carga emotiva que possui. Efectivamente, o painél não representa o próprio acontecimento, o bombardeamento de Guernica, mas "evoca, por uma série de poderosas imagens, a agonia da guerra total"(2), chegando a constituir uma visão profética da desgraça da guerra que nos ameaça hoje e que nos ameaçará no próximo século que segundo S. Huntington "se caracterizará por muitos conflitos de pequenas dimensões"(3), devido em grande parte à existência, na actualidade, de mais de meia centena de estados fragéis e desintegrados. De facto, a destruição de Guernica foi a primeira demonstração da técnica de bombardeamentos de saturação, mais tarde empregue na II Guerra. Picasso já em fase pós-cubista, consegue aqui tornar o acto pictórico na narração objectiva da ideia que formou perante o acontecimento e da emoção que sentiu. Com ele,"a pintura carrega consigo o seu património de experiências emocionais" deixando de ser "um ideal abstracto de beleza formal ou de representação lírica da aparência vísivel"2. Citando o artista: "Quando alguém deseja exprimir a guerra, pode achar que é mais elegante e literário representá-la por um arco e uma flecha, que de facto, são estéticamente mais belos, mas quanto a mim (...) utilizaria uma metralhadora"(4).
Tecnicamente tudo em Guernica contribui para a transmissão de emoções avassaladoras a começar pelo uso da técnica de "collage" de que Picasso e Braque tinham sido pioneiros em 1911-12 e que o primeiro aqui retoma, já não "colando" objectos na superfície do quadro mas pintando como se fizesse colagens; com este Cubismo de Colagens cria-se um conceito de espaço pictórico radicalmente novo não criado por nenhum artifício ilusionista mas pela sobreposição dos "recortes" planos, neste caso especifíco em tons de preto e cinzento atravessados por claridades brancas e amareladas, numa total ausência da cor, inexoravelmente evocativa da morte.
A par disso, Picasso recorre a formas dramáticas, violentas, a fragmentações e metamorfoses anatómicas que se por um lado criam figuras que não aderem a nenhum modelo "real", por outro exprimem toda a realidade e agonia da dor insuportável. A comprovar isso atente-se nas várias figuras que o pintor representa neste quadro que aparentemente livre, obedece contudo a um rigoroso esquema em termos de construção (imagine-se a tela dividida em 4 rectângulos, com um triângulo cujo vértice corresponde ao eixo vertical que a divide em duas partes iguais): a mãe chorando a morte do filho (descendentes da Pietà...) e o ameaçador touro de cabeça humana, no 1º rectângulo, o "olho" luminoso do candeeiro que derrama uma luz inóspita (no 2º), a mulher com a lâmpada na mão recordando-nos a Estátua da Liberdade
(no 3º) e o homem que em desespero levanta os braços ao céu (no 4º). Repare-se ainda no cadáver empunhando a espada partida (um emblema da resistência heróica) e o cavalo ferido que aparecem no referido triângulo. O cavalo é à semelhança do touro uma figura saída da mitologia espanhola; representa o povo que agoniza sob o jugo opressor do touro, símbolo da brutalidade, das forças do mal.
Hoje, olhar para Guernica é partilhar o horror que Picasso sentiu há 59 anos perante as imagens da destruição da povoação. Por isso, aqui vai um desejo para o novo ano: que em 1996 tratados como os de Dayton não fiquem pelo papel e que haja sempre um pensamento na mente dos homens: GUERNICA NUNCA MAIS!
(1) in "Entender a Pintura", suplemento nº 2 da revista "Artes & Leilões", tradução de Margarida Viegas. (continuar)
(2) H. W. JANSON: "História de Arte", 4ª Edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 1989. (continuar)
(3) CARDOSO,José: "O Terror Supremo", REVISTA do Expresso, 23 de Dezembro de 1995. (continuar)
(4) SECKLER, J.:"New Masses", 3 de Julho de 1945, citado em "Entender a Pintura", suplemento nº 2 da revista "Artes & Leilões", tradução de Margarida Viegas. (continuar)