30/11/2017

3.837.(29noVEMbro2017.17.17') Belmiro de Azevedo


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MORREU  a 29NOvemBRO2017
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2017-11-29-Morreu-Belmiro-de-Azevedo
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+1x PCP isolado na Assembleia da República!!!
1 VOTO DE PESAR que ilustra como estamos...
Os Verdes e o BE abstiveram-se!!!!!!
Miguel Tiago:
"Os que hoje aprovaram o voto de pesar do Belmiro na Assembleia da República são os mesmos que fizeram as leis para ele poder não pagar os impostos que devia em Portugal.
Os mesmos que votaram contra a proposta do PCP para que as empresas paguem impostos no local onde é gerado o rendimento e não no local onde está situada a sede da empresa.
É preciso dizer mais alguma coisa?"
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Ângelo Alves:
"Não somos hipócritas nem parvos. O que se votou na Assembleia não foi um sentimento de pesar pela morte de um ser humano, que em todos os casos lamentamos, mas antes um texto concreto com imprecisões e inverdades históricas e com um claro objetivo ideológico de exaltação do capitalismo e de um dos maiores grupos monopolistas de Portugal."
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Via TSF:
Houve ruído na sala quando o PCP se levantou para votar contra o voto. Logo a seguir, Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista "Os Verdes" abstiveram-se.
"Belmiro de Azevedo era hoje um dos homens mais ricos do país e do mundo. Essa fortuna não foi herdada mas antes construída a partir da formação académica, da capacidade de trabalho e de um inegável sentido de inovação", pode ler-se no voto.
No voto sublinha-se que a Sonae é um "grupo económico bastante internacionalizado com uma presença qualificada em todos os continentes" e que é um "referencial de criação de riqueza e emprego".
Destaca-se ainda a presença do grupo na comunicação social, no setor das telecomunicações e no retalho especializado, além da obra desenvolvida pela fundação Belmiro de Azevedo, nas áreas da educação, cultura e solidariedade.
https://www.tsf.pt/politica/interior/pcp-vota-contra-pesar-do-parlamento-pela-morte-de-belmiro-de-azevedo-8952866.html
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Foto de AbrilAbril.
https://www.facebook.com/abrilabrilpt/photos/a.228040880941401.1073741828.135016033577220/367820693630085/?type=3&theater
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via manifesto74
O DETALHE

Figura essencial do Portugal democrático. Génio. Implacável. Exigente. Visão de futuro. Estratega. Império. Riqueza. Começou do nada. Marcante. Determinação. Trabalho. Empenhamento social. Gerador de milhares de empregos. Têm sido estas as palavras ouvidas e lidas durante todo o dia sobre Belmiro de Azevedo. Uma pessoa maravilhosa, um dos 1.200 mais ricos do mundo. Independentemente de tudo, dizem, conseguiu criar uma enorme empresa.

Só que esse independentemente de tudo, é tudo o que importa, porque é a vida das pessoas e a sua sobrevivência. É esse detalhe. Vivemos num tempo estranho em que somos capazes de elogiar quem condena milhares à miséria, porque independentemente de. Lá fora é igual. O caso da Inditex, dona da Zara, e do seu administrador, um dos mais ricos ente os mais ricos, faz capas por isso. Mas utilizar mão de obra infantil passa a ser um detalhe. Esta reportagem da Visão sobre os trabalhadores dos supermercados, de Abril deste ano, diz quase tudo. Belmiro de Azevedo foi um explorador como outro qualquer:

Rui trabalha nos armazéns da Sonae há 17 anos. Leva para casa entre 540 e 560 euros, incluindo o subsídio de refeição. "Para viver com as condições mínimas, tenho de ter dois empregos: saio do armazém ao fim da tarde e aindavou dar aulas de basquetebol noite adentro."

De facto, talvez tenha sido mais inteligente do que outros, até quando percebeu que investir num jornal que dá prejuízos trar-lhe-ia dividendos. E hoje, na sua morte, está a colher os dividendos disso mesmo, de ter quem ache que foi um benemérito, como se o tivesse aberto um jornal para dar alguma coisa às massas incultas. Pensemos: o que leva uma pessoa com tanto tacto para o negócio, tão bem sucedido, a manter uma negócio que dá prejuízo? Por absurdo, imaginamos Belmiro a segurar o Continente durante anos, caso desse prejuízo?

Fala-se, hoje, do principal responsável pela desregulação dos horários do comércio, pela sua abertura aos fins-de-semana e feriados, pela consequente desregulação da vida de milhares de pessoas, até à vida dos milhões de hoje.

E porque há-de a morte de um empresário merecer um voto de pesar do Parlamento? De alguém que disse que só há competitividade com baixos salários? Expliquem lá o que há para agradecer ao certo? Quantos votos de pesar mereceram a morte de trabalhadores?

Isto é o verdadeiro politicamente correcto. Esta coisa de que todos são muito bons depois da morte e quem não se associar ao carpir generalizado é um monstro. É isto o politicamente correcto. E gente que se diz de esquerda escrever artigos do nível – ou falta dele – de Rui Tavares sobre o dono do Público, demonstra bem aquilo que disse atrás. Belmiro defendia que não há almoços grátis. Pois não.

https://manifesto74.blogspot.pt/2017/11/o-detalhe.html
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maio2013

Belmiro de Azevedo como enriqueceu

Quando o Belmiro começou a enriquecer...

...Nadava nas águas da UDP...

Quando, em 14 de Março de 1975, o governo de Vasco Gonçalves nacionalizou a banca com o apoio de todos os partidos que nele participavam (PS, PPD e PCP), todo o património dos bancos passou a propriedade pública. O Banco Pinto de Magalhães (BPM) detinha a SONAE, a única produtora de termolaminados, material muito usado na indústria de móveis e como revestimento na construção civil. Dada a sua posição monopolista, a SONAE constituía a verdadeira tesouraria do BPM, pois as encomendas eram pagas a pronto e, por vezes, entregues 60, 90 e até 180 dias depois. Belmiro de Azevedo trabalhava lá como agente técnico (agora engenheiro técnico) e, nessa altura, vogava nas águas da UDP.


... Em plenário, pôs os trabalhadores em greve com a reclamação de a propriedade da empresa reverter a favor destes. A União dos Sindicatos do Porto e a Comissão Sindical do BPM (ainda não havia CT's na banca) procuraram intervir junto dos trabalhadores alertando-os para a situação política delicada e para a necessidade de se garantir o fornecimento dos termolaminados às actividades produtoras. Eram recebidas por Belmiro que se intitulava “chefe da comissão de trabalhadores”, mas a greve só parou mais de uma semana depois quando o governo tomou a decisão de distribuir as acções da SONAE aos trabalhadores proporcionalmente à antiguidade de cada um.

É fácil imaginar o panorama. A bolsa estava encerrada e o pessoal da SONAE detinha uns papéis que, de tão feios, não serviam sequer para forrar as paredes de casa… Meses depois, aparece um salvador na figura do chefe da CT que se dispõe a trocar por dinheiro aqueles horrorosos papéis.

Assim se torna Belmiro de Azevedo dono da SONAE. E leva a mesma técnica de tesouraria para a rede de supermercados Continente depois criada onde recebe a pronto e paga a 90, 120 e 180 dias…

Há meia dúzia de anos, no edifício da Alfândega do Porto, tive oportunidade de intervir num daqueles debates promovidos pelo Rui Rio com antigos primeiros-ministros e fiz este relato. Vasco Gonçalves não tinha ideia desta decisão do seu governo, mas não a refutou, claro.
Com o salão pleno de gente e de jornalistas, nenhum órgão da comunicação social noticiou a minha intervenção.

Este relato foi-me feito por colegas do então BPM entre eles um membro da comissão sindical (Manuel Pires Duque) que por várias vezes se deslocou na altura à SONAE para falar aos trabalhadores. Enviei-o para os jornais e, salvo o já extinto “Tal & Qual”, nenhum o publicou…

Gaspar Martins, bancário reformado, ex-deputado E eu digo: assim nasceram os PAPAGAIOS DESTE PAÍS.  Recebido por Email

http://viriatoapedrada.blogspot.pt/2013/05/belmiro-de-azevedo-como-enriqueceu.html