https://www.facebook.com/cdualcobaca/photos/a.463038577120586.1073741828.462786247145819/1380808335343601/?type=3&theater
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12h junto ao monumento na Cela Velha
http://www.regiaodecister.pt/noticias/cela-velha-lembrou-humberto-delgado-no-25-de-abril
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Assembleia Municipal
Intervenção do Luís Crisóstomo
pela CDU
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Declaração evocativa ao 25 de Abril de 1974.
Celebramos hoje 44 anos
sobre a revolução de Abril. Evocamos a memória do processo que derrubou um
regime autoritário e fascista, e fez renascer a Democracia que a República
deixara morrer. Homenageamos os que resistiram ao fascismo durante mais de 48
anos, enfrentando a repressão, a perseguição, a tortura e até a morte. Abril
foi obra do povo português construído pela participação popular, que alcançou
conquistas extraordinárias, que a Constituição da República Portuguesa
consagrou. Os tempos mudam, tal como as ameaças que atentam contra a
Democracia. Longe vão os tempos pós-revolucionários em que se respirava um
fulgor participativo sem igual, em que a maioria dos portugueses entendia o seu
papel político, ou mesmo sem o entender, reclamava-o. Em 44 anos de
amadurecimento democrático, a verdade é que a descrença infiltrou-se
progressivamente na nossa sociedade, a tal ponto que muitos, arriscaria mesmo
afirmar a maioria, não se revêem na Política nem no seu papel político, ou
ignora-o de todo. E assim, mais que amadurecer, a Democracia envelheceu neste
curto período de tempo.
Muitos serão os
culpados deste envelhecimento precoce. Os agentes políticos activos, aqueles
que dão a cara à Política, serão culpados por ter permitido a consolidação de
tramas, escândalos e esquemas que minam a confiança dos eleitores, que de
agentes activos, votantes, progressivamente se tornaram agentes passivos. Todavia,
certamente não são os únicos culpados. Serão talvez a cara mais visível.
Todavia, a própria ordem social e o quotidiano roubaram as pessoas da política.
A carga horária e a ausência de mecanismos que assegurem o equilíbrio entre trabalho
e vida pessoal são um obstáculo adicional à participação popular na vida
política. Homenageemos, porém, aqueles que conseguem dedicar esse tempo
precioso, muitas vezes com grande custo pessoal, na defesa dos interesses que
são de todos. Falo pois, de todos aqueles e aquelas que dão força ao movimento
associativo e sindical, outras grandes conquistas de Abril.
Infelizmente, estes
exemplos não são suficientes. Há um desinteresse que enfraquece a Democracia.
Falhou-se na Educação política e de cidadania. Hoje, esta evocação, é um pálido
exemplo do que se deveria promover diariamente. Cidadãos informados serão
cidadãos mais interventivos, esclarecidos e ponderados. A iliteracia política é
flagrante e transgeracional, e só pela Educação, isenta, universal, gratuita e
de qualidade poderemos almejar inverter esta tendência, a qual é tanto mais
negativa quanto mais os eventos históricos se diluem na imensidão do Tempo.
Numa era em que a
informação está toda ela acessível em meros segundos, mesmo que não procuremos
por qualquer informação, provir os cidadãos de conhecimento capaz de discernir
quais os conteúdos fidedignos torna-se imperativo. Conseguimos combater o
analfabetismo e reduzimos muitíssimo o abandono escolar precoce, mas não
concluímos a função primordial de instruir um Povo. Na actualidade, e face tal
quantidade de informação pré-digerida, esta massa social é amplamente
instrumentalizada, usando-se da sua parca instrução para ampliar a mentira e o
boato, e criar os fenómenos de ódio, inquietação social, xenofobismo e, numa
palavra, alimentar as sementes do fascismo. A História tem a infeliz tendência
de se repetir, tomando apenas novas personagens, meios e contextos que se
reduzem exactamente ao que foram no passado. É nosso dever, em Cerimónias como as
de hoje, quebrar este ciclo vicioso, evocando os factos do Passado, e prevenir
que a opressão de outros regimes se volte a instalar no futuro.
Apesar de todos estes
perigos, Portugal pode orgulhar-se da sua Democracia. Portugal deve orgulhar-se
da sua Democracia e de como foi conquistada, com o sacrifício de muitos e bons
portugueses ao longo de décadas de opressão, mas numa revolução pacífica como
nenhuma outra. Talvez por isso esses fenómenos que contaminam o Mundo e em
particular, a Europa, têm ainda pouca expressão por cá. Afinal, há muitos
séculos que os Portugueses são cidadãos do Mundo. Foram, possivelmente, os
primeiros “verdadeiros” cidadãos do mundo, Universais e Audazes, para além das
suas próprias fronteiras. Afinal, somos ainda hoje um país de emigrantes.
Sabemos o que é chegar a uma terra nova e desconhecida, imergir num idioma que
nos é estranho, e edificar uma vida nova. Sabemos, compreendemos e
reconhecemos. E assim recebemos, tal como esperamos que nos recebam. E tenho a
certeza que aqueles que migraram, onde quer que tenham encontrado lar,
permanente ou temporário, têm um orgulho inabalável no seu país. Tenho a
certeza que levam com eles também a mensagem de Liberdade que é Abril. E tenho
a certeza que a promovem junto dos demais, onde quer que estejam. A eles
dedico-lhes uma palavra de agradecimento, por levarem os nossos valores mais
longe, além-fronteiras.
Os Eleitos da CDU
Luís Crisóstomo
Clementina Henriques