24/04/2018

4.558.(24abril2018.7.7') 6AM2017.2021...comemorativa do 25 abril...15.30'...

Foto de CDU Alcobaça.
https://www.facebook.com/cdualcobaca/photos/a.463038577120586.1073741828.462786247145819/1380808335343601/?type=3&theater
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12h junto ao monumento na Cela Velha


http://www.regiaodecister.pt/noticias/cela-velha-lembrou-humberto-delgado-no-25-de-abril
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Assembleia Municipal
Intervenção do Luís Crisóstomo
pela CDU
Foto de Rogério Manuel Madeira Raimundo.
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Declaração evocativa ao 25 de Abril de 1974.

Celebramos hoje 44 anos sobre a revolução de Abril. Evocamos a memória do processo que derrubou um regime autoritário e fascista, e fez renascer a Democracia que a República deixara morrer. Homenageamos os que resistiram ao fascismo durante mais de 48 anos, enfrentando a repressão, a perseguição, a tortura e até a morte. Abril foi obra do povo português construído pela participação popular, que alcançou conquistas extraordinárias, que a Constituição da República Portuguesa consagrou. Os tempos mudam, tal como as ameaças que atentam contra a Democracia. Longe vão os tempos pós-revolucionários em que se respirava um fulgor participativo sem igual, em que a maioria dos portugueses entendia o seu papel político, ou mesmo sem o entender, reclamava-o. Em 44 anos de amadurecimento democrático, a verdade é que a descrença infiltrou-se progressivamente na nossa sociedade, a tal ponto que muitos, arriscaria mesmo afirmar a maioria, não se revêem na Política nem no seu papel político, ou ignora-o de todo. E assim, mais que amadurecer, a Democracia envelheceu neste curto período de tempo.
Muitos serão os culpados deste envelhecimento precoce. Os agentes políticos activos, aqueles que dão a cara à Política, serão culpados por ter permitido a consolidação de tramas, escândalos e esquemas que minam a confiança dos eleitores, que de agentes activos, votantes, progressivamente se tornaram agentes passivos. Todavia, certamente não são os únicos culpados. Serão talvez a cara mais visível. Todavia, a própria ordem social e o quotidiano roubaram as pessoas da política. A carga horária e a ausência de mecanismos que assegurem o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal são um obstáculo adicional à participação popular na vida política. Homenageemos, porém, aqueles que conseguem dedicar esse tempo precioso, muitas vezes com grande custo pessoal, na defesa dos interesses que são de todos. Falo pois, de todos aqueles e aquelas que dão força ao movimento associativo e sindical, outras grandes conquistas de Abril.
Infelizmente, estes exemplos não são suficientes. Há um desinteresse que enfraquece a Democracia. Falhou-se na Educação política e de cidadania. Hoje, esta evocação, é um pálido exemplo do que se deveria promover diariamente. Cidadãos informados serão cidadãos mais interventivos, esclarecidos e ponderados. A iliteracia política é flagrante e transgeracional, e só pela Educação, isenta, universal, gratuita e de qualidade poderemos almejar inverter esta tendência, a qual é tanto mais negativa quanto mais os eventos históricos se diluem na imensidão do Tempo.
Numa era em que a informação está toda ela acessível em meros segundos, mesmo que não procuremos por qualquer informação, provir os cidadãos de conhecimento capaz de discernir quais os conteúdos fidedignos torna-se imperativo. Conseguimos combater o analfabetismo e reduzimos muitíssimo o abandono escolar precoce, mas não concluímos a função primordial de instruir um Povo. Na actualidade, e face tal quantidade de informação pré-digerida, esta massa social é amplamente instrumentalizada, usando-se da sua parca instrução para ampliar a mentira e o boato, e criar os fenómenos de ódio, inquietação social, xenofobismo e, numa palavra, alimentar as sementes do fascismo. A História tem a infeliz tendência de se repetir, tomando apenas novas personagens, meios e contextos que se reduzem exactamente ao que foram no passado. É nosso dever, em Cerimónias como as de hoje, quebrar este ciclo vicioso, evocando os factos do Passado, e prevenir que a opressão de outros regimes se volte a instalar no futuro.
Apesar de todos estes perigos, Portugal pode orgulhar-se da sua Democracia. Portugal deve orgulhar-se da sua Democracia e de como foi conquistada, com o sacrifício de muitos e bons portugueses ao longo de décadas de opressão, mas numa revolução pacífica como nenhuma outra. Talvez por isso esses fenómenos que contaminam o Mundo e em particular, a Europa, têm ainda pouca expressão por cá. Afinal, há muitos séculos que os Portugueses são cidadãos do Mundo. Foram, possivelmente, os primeiros “verdadeiros” cidadãos do mundo, Universais e Audazes, para além das suas próprias fronteiras. Afinal, somos ainda hoje um país de emigrantes. Sabemos o que é chegar a uma terra nova e desconhecida, imergir num idioma que nos é estranho, e edificar uma vida nova. Sabemos, compreendemos e reconhecemos. E assim recebemos, tal como esperamos que nos recebam. E tenho a certeza que aqueles que migraram, onde quer que tenham encontrado lar, permanente ou temporário, têm um orgulho inabalável no seu país. Tenho a certeza que levam com eles também a mensagem de Liberdade que é Abril. E tenho a certeza que a promovem junto dos demais, onde quer que estejam. A eles dedico-lhes uma palavra de agradecimento, por levarem os nossos valores mais longe, além-fronteiras.
Viva a Revolução dos Cravos! Viva o 25 de Abril!



Os Eleitos da CDU
Luís Crisóstomo

Clementina Henriques